O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Em transmissão ao vivo no Facebook nesta sexta-feira (15), o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o povo brasileiro é "indisciplinado". Segundo Mourão, as medidas de isolamento social estão dando certo em lugares como o Rio Grande do Sul, "onde existe uma tradição de disciplina", ao contrário de outros locais, em que há "irreverência e malemolência".
No momento da declaração, o vice-presidente criticava atitudes descritas por ele como inconstitucionais, como a decretação de lockdown e a prisão de pessoas que estão descumprindo medidas de isolamento - possibilidade que está prevista no último decreto editado pelo governador Eduardo Leite. De acordo com Mourão, é preciso "entender as características do nosso povo".
— Muita gente aplaude e fala "essa anarquia, essa irreverência do brasileiro". A anarquia e a irreverência cobram seu preço nesse momento, com a falta de disciplina. Infelizmente, nosso povo é indisciplinado. Em lugares onde ele é mais disciplinado, a coisa está dando certo, como aí no Rio Grande do Sul, onde existe mais uma tradição de disciplina. Agora, onde há aquela irreverência, a malemolência, é mais complicado você manter aquelas pessoas, digamos assim, isoladas. Então a gente tem que entender as características do nosso povo e que as coisas não se resolvem assim de uma forma tão simples.
A declaração foi dada por Mourão durante transmissão ao vivo na página do Facebook do deputado estadual e tenente-coronel Luciano Zucco (PSL), da qual também participaram os presidentes da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, e do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Eduardo Trindade.
Na live, Mourão também discutiu mudanças na relações comerciais, de trabalho e interpessoais após a pandemia. E usou um exemplo inusitado para dizer que nem tudo vai mudar:
— O nosso povo é um povo que é gregário, gosta de estar junto, gosta de abraçar. Hoje mesmo recebi um pequeno artigo escrito por um amigo sobre a ausência do bar. É lamentável que a gente não possa mais estar indo ao bar, sentar no balcão, falar com o garçom, discutir futebol com os companheiros. Essa coisa está faltando e isso mexe com a cabeça de todo mundo, então não vejo que isso vá terminar — disse.
O vice-presidente também previu um "rearranjo" da geopolítica mundial no período pós-pandemia e pregou uma postura pragmática na relação do Brasil com outras nações.
— Nosso país tem que saber se posicionar nisso aí. Temos que ter uma visão pragmática e flexível e poder buscar o melhor para os interesses do país e do povo brasileiro.