Após a publicação de nota sobre pedido de prioridade no pagamento dos salários de delegados e servidores policiais, encaminhado pela Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) ao governador Eduardo Leite, a entidade contestou a abordagem da coluna sobre a solicitação.
Em nota, a Asdep diz que, ao pedir que não está defendendo um privilégio ao pedir que a preocupação sobre o atraso salarial seja retirada dos policiais "mas apenas solicitando que se diminua a pressão sobre esses profissionais, que precisam manter a tranquilidade indispensável para continuar o seu trabalho em prol da sociedade, o que, por sinal, vem sendo feito neste Estado de maneira eficiente".
Leia a nota enviada pela Adesp:
Senhora jornalista Rosane de Oliveira:
Lemos sua severa crítica ao ofício da ASDEP solicitando ao Governador que os policiais - civis e militares - recebessem sua remuneração em dia, apesar das dificuldades do Erário. Pelo respeito que temos pelo seu trabalho jornalístico, gostaríamos de fazer algumas ponderações:
1) Diferentemente de outros profissionais de qualquer área, os policiais, assim como os servidores da área da saúde, não podem ficar isolados em casa como gostariam e da forma defendida por muitos, inclusive pela senhora. Ou, como integrantes de várias outras carreiras, até melhor remuneradas, fazendo homework e recebendo em dia.
2) Da mesma forma, policiais não podem simplesmente evitar o contato físico que, em muitas situações, é inafastável, obrigando-os até ao corpo-a-corpo com portadores das mais variadas doenças transmissíveis (não só a Covid-19, mas a AIDS, H1N1, hepatites, sarna, entre outras), expondo-os assim a um risco muito maior de contágio. Como qualquer pai ou mãe, eles também temem levar para suas casas, para seus entes queridos, estas e outras enfermidades.
3) Todos sabem que uma pandemia como a que estamos vivenciando tem potencial para afetar até mesmo a saúde mental das pessoas. Ao pedir que dos policiais seja retirada a preocupação com o atraso no pagamento, não estamos defendendo um privilégio, mas apenas solicitando que se diminua a pressão sobre esses profissionais, que precisam manter a tranquilidade indispensável para continuar o seu trabalho em prol da sociedade, o que, por sinal, vem sendo feito neste Estado de maneira eficiente.
4) Nem mesmo a alternativa que vem sendo oferecida a esses servidores de pedirem empréstimo e "anteciparem" seus salários é satisfatória, uma vez que o banco estatal cobra juros e se nega a conceder o "benefício" se o policial tem restrições cadastrais, ou seja, justamente aqueles que vêm enfrentando problemas financeiros é que não conseguem a tal "antecipação", sofrendo nova humilhação.
5) Respeitamos o seu direito de crítica, mas entendemos que ela foi excessiva na acidez, pois não foi considerado nem mesmo o tom utilizado em nosso ofício, que em nenhum momento foi ameaçador, insuflador de paralisações ou desrespeitoso ao Governo: restringiu-se a fazer um pedido ao Governador para que, assim como são observadas regiamente outras normas constitucionais, fosse cumprida a que determina que a remuneração dos servidores seja paga em dia. Principalmente em razão da pandemia e especialmente no caso dos policiais, pelas razões antes expostas.
Atenciosamente,
Pedro Carlos Rodrigues,
Presidente da ASDEP-RS.