Ainda que o efeito só venha a ser sentido daqui a quatro anos, a Assembleia Legislativa deve aprovar nos próximos dias uma alteração significativa no pagamento de ajuda de custo aos deputados, benefício conhecido como auxílio-mudança. Hoje, cada deputado tem direito a um salário extra de R$ 25,3 mil no início e outro no final do mandato. Os reeleitos recebem em dobro, mesmo que não tenham gasto com a montagem de casa na Capital ou com a mudança de volta para o Interior.
A mudança, que será proposta à Mesa pelo presidente da Assembleia, Luís Augusto Lara (PTB), atende a um pedido de deputados que, constrangidos com o pagamento do adicional, renunciaram ao benefício ou fizeram doação para instituições assistenciais.
A ideia é manter o pagamento apenas para os deputados de primeiro mandato, residentes no Interior, que precisam se instalar em Porto Alegre. Há quem defenda a preservação do auxílio para os que não se reelegem e precisam desmontar a residência para voltar ao Interior.
Bandeira do Partido Novo, que desde a primeira hora se posicionou contra os auxílios, o fim da ajuda de custo para os reeleitos e para os residentes em Porto Alegre ganhou o apoio de outros parlamentes, como Sebastião Melo e Tiago Simon, do MDB. Os dois estão no grupo dos que devolveram o dinheiro ou doaram o total ou uma parte. Dos reeleitos, apenas Simon e Elton Weber (PSB) abriram mão de 100% do benefício. Adolfo Brito (PP) doou metade do que teria direito.
Entre os deputados de primeiro mandato, Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo (Novo) devolveram a ajuda de custo por entender que doar para a caridade seria legitimar um benefício com o qual não concordam. Ruy Irigaray e Vilmar Lourenço, do PSL, e Neri, o Carteiro (Solidariedade) repassaram o valor para entidades.
Na Câmara e no Senado, os parlamentares também receberam um salário extra no início e outro no fim do mandato. Dos reeleitos, apenas os deputados Heitor Schuch (PSB) e Bohn Gass (PT) e o senador Paulo Paim (PT) não embolsaram o adicional a que teriam direito. Dos novatos, Lucas Redecker (PSDB) doou o que lhe coube e Marcel van Hattem (Novo) renunciou à vantagem.
Aliás
A economia com a restrição da ajuda de custo a deputados é irrelevante no conjunto de despesas da Assembleia, mas vale como símbolo de austeridade.