A ideia de o presidente da República visitar locais abalados por tragédias é generosa. Serve para levar conforto e firmar compromisso com a ajuda material. Até aqui, tudo certo com a visita do presidente Michel Temer ao centro de São Paulo, onde o fogo destruiu um edifício ocupado por famílias brasileiras e por imigrantes, deixando um número ainda desconhecido de vítimas.
O problema de Temer foi não ter se dado conta – nem ter sido alertado por seus conselheiros – de que sua baixíssima popularidade o impede de frequentar certos ambientes.
Temer foi corajoso ao entrar em território hostil, disposto a anunciar ajuda do governo federal para as famílias que ficaram desalojadas, mas acabou levando um corridão e teve de ouvir gritos de “golpista”.
Como se isso fosse pouco, precisou aguentar a flauta de seu maior inimigo no PMDB, o senador Renan Calheiros. No Twitter, Renan escreveu:
“A tragédia do edifício que desabou em São Paulo é metáfora do governo Temer: uma construção abandonada pegou fogo, desabou e matou pobres. Para piorar, o presidente apareceu do nada e teve que sair correndo entre pedras e vaias para evitar cena de ódio incontrolável. Sem embargo”.