O ex-secretário de Segurança de Canoas Alberto Kopittke afirmou que o projeto de transformação da segurança pública do Estado foi comprometido com a ocupação "açodada" da penitenciária da cidade. No domingo, a Brigada Militar assumiu a guarda do módulo 2 da Pecan 2. A medida foi adotada pelo governo do Rio Grande do Sul para cumprir decisão judicial e retirar presos provisórios de delegacias.
"A decisão compromete um projeto que vinha sendo construído há mais de 8 anos com uma união de esforços inédita na história do estado, por diversos órgãos públicos do executivo, do Judiciário, do MP e pela Prefeitura de Canoas para construir um nova referência para o Sistema Prisional para o RS e que vinha funcionando muito bem na Pecan I e no início da Pecan II e só não se expandiu porque o Governo não contratava agentes prisionais. Se tivesse feito um planejamento adequado, hoje a Pecan poderia estar toda ocupada, com mais 2 mil vagas, mas de forma adequada e organizada e não como será a partir de agora", disse Kopittke em nota.
A penitenciária foi construída para receber presos de baixa periculosidade e sem ligação com grupos criminosos. No local, há sala de aula, sala de estudos, sala de revista, recepção e espera de visitas, três celas para visitas íntimas, alojamento e refeitório, reservatório, administração, gerador, estacionamento, cozinha e lavanderia. A reincidência de presos desse presídio é de menos de 20%, conforme dados do Judiciário e do MP gaúcho.
A Secretaria Estadual da Segurança garante que não irá alterar o perfil de presos recolhidos ao local.
"Realmente o governo se esmera em não realizar um planejamento mínimo e realizar os investimentos necessários para a Segurança do estado. As consequências dessa decisão de ocupar de forma desorganizada a Pecan dificilmente serão revertidas no futuro, pois todo o ambiente da Penitenciária será comprometido e as facções assumirão o seu comando interno, jogando fora todos os esforços que foram feitos para termos pelo menos uma grande penitenciária que realmente tivesse condições de reduzir a reincidência criminal", concluiu Kopittke, que participou do projeto da casa prisional como integrante da equipe do ex-prefeito Jairo Jorge.
Os brigadianos irão permanecer na Pecan até o final de fevereiro, sendo substituídos por 480 agentes penitenciários e administrativos chamados no mais recente concurso da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Hoje, o complexo de Canoas abriga 570 presos. Destes, 393 estão na Pecan 1, que atingiu a capacidade máxima. Outros 177 estão no módulo 2, agora sob responsabilidade da BM. Essa unidade pode receber até 805 presos.