Menos de uma semana depois do início do ano letivo, a assembleia do Cpers aprovou uma greve que tem tudo para repetir o fracasso das anteriores. Além da baixíssima adesão, todas as últimas paralisações terminaram sem nenhuma conquista relevante. Como das outras vezes, desgastam-se os professores, perdem os alunos.
Os educadores da rede estadual pleiteiam o mesmo de sempre: o pagamento do piso como básico do plano de carreira ou, no mínimo, um reajuste salarial. A última parcela do reajuste aprovado no governo de Tarso Genro foi implantada na folha no final de 2014. Desde o início do governo José Ivo Sartori, os únicos que tiveram correção salarial no Executivo foram os servidores da área de segurança, mas porque o reajuste foi aprovado em parcelas, até 2018. Para este ano, o orçamento prevê apenas 3% de aumento dos gastos com pessoal, o que mal cobre o crescimento vegetativo da folha.
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Os sindicalistas que aprovaram a greve partem de uma premissa equivocada: a de que o governo não paga o piso porque não quer. Antes fosse. Sartori não paga pela mesma razão que Tarso Genro não pagou e o próximo governador, seja ele (ela) quem for, não pagará: o Rio Grande do Sul é um Estado quebrado. Ou alguém imagina que se pudessem escolher entre o aplauso dos professores, pelo pagamento do piso, e a vaia por não quitarem essa dívida, Tarso e Sartori optariam por amargar a impopularidade?
É legítimo que qualquer trabalhador queira recuperar pelo menos as perdas decorrentes da inflação. O problema é que, hoje, a arrecadação do mês não é suficiente para pagar as contas. A greve, como das outras vezes, não fará nascer dinheiro para aumentar as despesas. Novo parcelamento de salários deverá ocorrer no final de março, a menos que o governo descubra uma fonte de receita que não dependa da União.
A paralisação não isenta os professores de cumprir os 200 dias letivos previstos em lei. Em algum momento, o tempo da greve terá de ser recuperado, atrapalhando as férias de professores e alunos. O grande prejuízo nem é esse, mas o abalo para as crianças, que recém voltaram às aulas e terão o processo de aprendizagem interrompido, sem saber quando poderão voltar a estudar.