No livro Tudo ou Nada, lançado em 2014 pela editora Record, a jornalista Malu Gaspar, hoje na revista Piauí, escaneia as relações de Eike Batista com políticos poderosos, mas não chega aos detalhes do esquema de corrupção que levou para a cadeia o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e o ex-homem mais rico do Brasil. Não chega às entranhas porque nem a Polícia Federal conseguiu dimensionar o tamanho do estrago decorrente das ligações perigosas de Eike com autoridades municipais, estaduais e federais. Só para Cabral ele teria pago US$ 16,5 milhões em propina.
O que começou por doações generosas de campanha para se aproximar do poder, evoluiu para uma promiscuidade que deve sacudir o país se Eike fizer, como se especula, um acordo de delação premiada.
Leia mais:
Eike Batista dividirá cela com policiais presos em Bangu
Por que Eike Batista teve o cabelo raspado
Após homologação, Janot recebe delações da Odebrecht
No tempo em que era chamado de Midas pela imprensa especializada em economia, Eike era bajulado por políticos e por executivos do mercado financeiro. Foi nessa época que se aproximou do então presidente Lula e virou queridinho do PT.
Se fizer delação, Eike deverá detalhar o repasse de US$ 2,3 milhões que o Grupo X fez para a empresa de Monica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. Ao juiz Sergio Moro, Eike disse que o dinheiro teria sido depositado a pedido do ex-ministro Guido Mantega para saldar dívidas de campanha do PT.
Aliás
Raspar o cabelo de presos provisórios ou condenados, como se faz no sistema prisional do Rio de Janeiro em nome da higiene nas cadeias, é uma violência que só chamou a atenção do país depois da prisão de poderosos como o ex-governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista.