Repetiu-se no primeiro dia de votação do pacote do governador José Ivo Sartori a mesma estratégia usada pela oposição para retardar a apreciação de projetos em outras ocasiões: discursos recorrentes e sucessivos pedidos de verificação de quórum. De tempos em tempos, um deputado pedia para verificar se havia em plenário número suficiente de parlamentares para continuar a sessão.
O primeiro projeto só foi votado oito horas depois de iniciada a sessão. Com 36 votos a favor e 17 contra, a Assembleia aprovou a transformação da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), criada no governo Tarso Genro, em Escritório de Desenvolvimento de Projetos. O placar folgado não significa que haverá a mesma facilidade com os projetos polêmicos. O governo negociou para começar pelo da AGDI exatamente porque esse era considerado um dos mais fáceis de aprovar.
Ao longo do dia e da noite, deputados do PT, do PSOL e do PC do B se revezavam na tribuna para criticar a proposta de reestruturação administrativa e a ação da Brigada Militar, que entrou em confronto com manifestantes do lado de fora da Assembleia.
De quando em quando, um integrante do governo não resistia ao voto de silêncio e se manifestava para contestar afirmações dos parlamentares petistas. Por volta das 21h30min, o deputado EnioBacci (PDT) fez um discurso crítico aos projetos, condenou a extinção da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) e sinalizou que não daria seu voto a outras propostas. Juliana Brizola foi na mesma linha, com um discurso semelhante ao do PT, de repúdio à extinção de fundações e ao fim da exigência de plebiscito para privatizar estatais.
Ao repórter Eduardo Matos, Bacci anunciou que a tendência do PDT era votar contra a extinção das nove fundações. Essa posição do PDT reforça a importância do PTB, que se declara independente, na estratégia do governo de aprovar uma reforma administrativa profunda. Por saber que não pode contar com o PDT, o Piratini trabalha para integrar o PTB à base em caráter definitivo.