O dado definitivo só sai na segunda-feira, mas o levantamento preliminar da Confederação Nacional dos Municípios (CMN) indica que no máximo 55% dos prefeitos que poderiam concorrer à reeleição no Rio Grande do Sul aceitaram ser candidatos. O índice é o mais baixo do país. No Brasil, a média deve fechar em 63%.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, atribui o desinteresse a uma combinação de fatores: a crise das finanças públicas, agravada pela redução das receitas estaduais e federais, a excessiva concentração das verbas nas mãos da União, a intervenção do Judiciário e o rigor dos órgãos de controle.
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Dois exemplos ilustram o raciocínio de Ziulkoski: mesmo com boas chances de se reeleger, os prefeitos de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho (PDT), e de Pelotas, Eduardo Leite (PSDB), optaram por não concorrer. Os dois acrescentam a justificativa de que são contra a reeleição e que é preciso abrir espaço para a renovação. Nem Barbosa Velho nem Leite estão abdicando da carreira política, mas sabem que a tendência é o segundo mandato ser pior do que o primeiro em consequência das dificuldades financeiras.
O problema não se restringe aos municípios de médio e grande portes. Também nas cidades menores, os partidos tiveram dificuldades para encontrar candidatos. Há casos em que, por falta de interessados na disputa, as legendas fecharam acordos para escolher um nome de consenso.
O desafio dos prefeitos que se elegerem em outubro será conciliar as promessas de campanha com uma realidade de aperto financeiro. O primeiro compromisso de cada um deveria ser com o enxugamento dos cargos. Em todo o país, há secretarias em excesso, boa parte delas criadas com a finalidade única de acomodar aliados políticos, sem preocupação com a capacidade de gestão dos escolhidos.
O Brasil tem 5.568 prefeitos e 5.568 vice-prefeitos, 59,5 mil vereadores e nada menos do que 46 mil secretários. Isso dá uma média de nove secretarias por município. Pequenas cidades poderiam, muito bem, funcionar com quatro ou cinco.