Quando comecei a trabalhar em ZH, em julho de 1992, a CPI que resultaria no impeachment de Fernando Collor já estava em andamento. Eu era editora de política e coordenava uma cobertura complexa: o sistema de telefonia do país era pré-histórico, tínhamos dificuldade para transmitir textos e fotos de Brasília ou de qualquer outro lugar e não existiam redes sociais. No dia 29 de setembro daquele ano, quando Ibsen Pinheiro proclamou o resultado da votação a favor do afastamento, tive certeza de estar sendo testemunha de um desses momentos irrepetíveis na História. Nem eu nem os colegas que participaram daquela cobertura poderiam imaginar que estaríamos vivos para acompanhar um outro processo de destituição de um presidente eleito pelo voto dos brasileiros. Eis que tudo se repete: na mesma redação, vou acompanhar neste domingo, voto a voto, a marcha da História.
Olho para a redação e concluo que somos poucos os sobreviventes daquela época. A maioria dos colegas era adolescente. Alguns foram caras-pintadas. Outros nem haviam nascido. Convidei quatro desses jovens companheiros de trabalho para uma conversa sobre os dois momentos históricos. Nathália Carapeços nasceu em meio à CPI, dois meses antes do impeachment. Felipe Nogs é de 1993, Laura Schneider, de 1994 e a caçula, Carolina Cattaneo, de 1995. É curioso ouvi-los contar sobre o que ouviram sobre a queda de Collor.
Confira o vídeo: