
Em 15 de janeiro, o RS tinha três municípios em situação de emergência por estiagem. Na quinta-feira (30), esse número havia subido para 37.
A sensação é de que as autoridades vão até os locais, visitam as propriedades, identificam o problema, mas até a roda da burocracia girar, demora muito para a ajuda chegar.
Aos repórteres Bruna Oliveira e Everson Dornelles, em reportagem em GZH, o assistente de culturas da Emater, Alencar Rugeri, descreveu a escassez hídrica que atinge de forma mais sensível as regiões Central e as Missões como um grande mosaico dada a forma "desparelha" com que a seca atinge as lavouras. A coluna questionou o governo do Estado sobre ações. A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação enviou uma lista:
- Construção de açudes - escavados 4,5 mil açudes em 449 municípios
- Instalação de cisternas - 610 produtores rurais beneficiados com cisternas de 60 mil litros
- Perfuração de poços
- Benefício financeiro para projetos de irrigação direto ao produtor rural.
Há algumas outras medidas.
Sobre irrigação, um acordo entre Ministério Público e governo colocou um ponto final a uma ação civil pública relacionada ao bioma Pampa que se arrastava há 10 anos. Isso deve facilitar a construção de açudes.
O problema passa pela conscientização do agricultor. Sistemas de irrigação são caros, e nem sempre o produtor prioriza esse investimento diante de tantas outras necessidades.
Os temas das enchentes e da estiagem são no RS dois lados de uma mesma moeda. O excesso ou escassez de chuva faz o produtor perder a safra e ver seus animais morrerem. O morador da cidade tem sua casa destruída pela enxurrada ou paga produtos alimentícios mais caros porque há problemas na produção. Estamos falando de resiliência climática — de como nos tornarmos mais fortes diante dos eventos extremos. Em ambos os casos, precisamos, como sociedade, atuar em duas velocidades: medidas emergenciais e, de longo prazo, estruturais.