Aquele que seria uma das atrações do Fórum da Liberdade 2024, que ocorre na semana em Porto Alegre, precisou cancelar sua participação porque não poderá deixar a Ucrânia.
Alexander Nosachenko, empresário e ex-CEO que pegou em armas durante a guerra, não recebeu autorização especial necessária para sair do território. Desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, homens entre 18 e 60 anos, ou seja em idade apta para lutar, precisam desse documento para viajar.
Conversei com Nosachenko nos primeiros dias da guerra, quando estava cobrindo o conflito no Leste Europeu.
Casado e pai de dois filhos, ele era, desde 2006, CEO da Colliers International na Ucrânia, empresa de gestão de investimentos com 482 escritórios em 62 países e com mais de 17 mil empregados. Ele contou à época:
- Faço parte de um grupo de snipers (atiradores de elite). Sou civil, mas também um sniper. Estamos preparando nossa posição em Kiev. Parte do nosso grupo deslocou-se para executar algumas tarefas atrás das linhas inimigas: enviam coordenadas por GPS para a artilharia, que então ataca os tanques deles (dos russos) e seus veículos blindados. Dentro da cidade, temos também um grupo diferente, ajudando a realocar pessoas, a evacuá-las, a enviá-las para fora de Kiev.
No Fórum da Liberdade, Nosachenko participaria de painel sobre geopolítica ao lado de Hélio Beltrão e do professor HOC. O evento ocorre entre os dias 4 e 5 de abril, na PUCRS.
Em contato com a coluna nesta quarta-feira (27), o empresário lamentou não poder viajar, mas disse esperar conseguir autorização em breve. Ele também falou sobre como tem ajudado a defender a Ucrânia.
- Há muitas coisas para fazer aqui em Kiev. Há diferentes opções de como participar na defesa do seu país. Meu ego me diz que quero estar com uma arma de fogo nas mãos na linha de frente. Mas, se eu avaliar objetivamente estar como mais um atirador no campo de batalha é um desperdício em relação aos recursos que tenho hoje em dia para ajudar. Estou fazendo 10 vezes mais estando aqui em Kiev - afirmou.