Na disputa de poder em que se tornou o tema da segurança pessoal do presidente da República, os militares levaram a melhor. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) deve voltar às mãos das Forças Armadas.
A decisão, que já estava tomada desde o início da semana, está sendo articulada na tarde desta quarta-feira (28) em uma reunião no Palácio do Planalto entre Lula e os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Justiça, Flávio Dino, e o general Marcos Antonio Amaro dos Santos, chefe do GSI.
Desde os ataques do dia 8 de janeiro em Brasília, a segurança de Lula estava a cargo da Polícia Federal (PF), que vinha pressionando, por meio da Associação Nacional dos Delegados da corporação (ADPF) e do próprio ministro Dino, continuar com essa função. Além da segurança presidencial e de sua família, o GSI é, historicamente, responsável pela proteção do vice e dos palácios do Planalto e da Alvorada. Desde antes da posse, a instituição era vista com desconfiança por Lula por abrigar fiéis escudeiros do ex-presidente Jair Bolsonaro. Após os ataques de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, esse sentimento se aprofundou. Diversas vezes, o presidente repetiu que as portas do Planalto foram abertas por dentro, insinuando a participação dos militares nos atos, em meio a desconfianças sobre a atuação do então ministro do GSI, general Gonçalvs Dias.
A Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República (Sesp), integrada majoritariamente por policiais federais, passou a exercer a segurança. A existência desse órgão vence na sexta-feira (30). Daí o aprofundamento da disputa de poder entre os dois órgãos nas últimas semanas e a pressa do governo em tomar a decisão.
Ao devolver ao GSI a tarefa, Lula faz um aceno às Forças Armadas, um voto de confiança. Ainda assim, o arranjo é diferente do que vigorou até janeiro. Terá um formato híbrido, com participação, além dos militares, de civis e policiais.
Desde a crise deflagrada pelos ataques de janeiro, várias discussões foram feitas sobre a segurança presidencial e sobre o papel do GSI, um órgão criado em 1930 durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Sua extinção chegou a ser cogitada, mas, mais uma vez, em nome de uma relação menos tensa com os militares, essa opção foi rejeitada.