O formato do debate da Band TV, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, não chega a ser completamente novo na TV brasileira.
No encontro de domingo (16), os dois postulantes puderam deixar seus púlpitos e caminhar livremente pelo palco, por vezes dirigindo-se aos mediadores, ao oponente e ao público, por meio das câmeras direcionadas a cada um. Além disso, cada um podia administrar o próprio tempo (15 minutos) em dois dos quatro blocos.
Esse formato já havia sido testado nas eleições de 2020, nos encontros organizados pelo UOL e Folha de S. Paulo. É uma evolução, digamos assim, do modelo town hall, clássico nos Estados Unidos - em que os candidatos ficam livres no palco, como se estivessem em uma arena. No caso americano, entretanto, há plateia de eleitores, que fazem perguntas aos candidatos.
O formato americano remonta às assembleias comunitárias, na origem da fundação do país. Alguns dos embates mais contemporâneos famosos nesse padrão foram de George H. Bush vs. Michael Dukakis, e, na eleição seguinte, contra Bill Clinton. Na sequência, Barack Obama vs. John McCain, em 2008, depois entre o então presidente e candidato à reeleição e o desafiante, Mitt Romney, em 2012. Em 2016, foi a vez de Donald Trump vs. Hillary Clinton.
Em 2020, esse formato não foi adotado e apenas dois debates foram realizados na eleição americana (normalmente são três). Trump se recusou a ir ao segundo por discordar das regras, que foram endurecidas, depois que o então presidente praticamente inviabilizou o diálogo, com sucessivas interrupções ao adversário no primeiro encontro.
Esse tipo de duelo já foi realizado no Brasil - um dos clássicos foi na eleição de 2002, entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra.
O formato, ao mesmo tempo que gera uma tensão pela proximidade entre os oponentes, a ponto de poderem se tocar, inibe a agressividade. Ao mesmo tempo, permite ao eleitor-telespectador observar melhor os movimentos dos candidatos, aferindo sinais de nervosismos.
A alternância entre perguntas dos debatedores e as feitas por jornalistas também evita que os candidatos tergiversem demais ou fujam de temas espinhosos e necessários.