Donald Trump já usou em dois de seus discursos a expressão "vírus chinês" para se referir ao coronavírus.
Antes de começar um deles, chegou a riscar o termo “corone” (corona), em inglês, do texto que leria, conforme flagrante do fotógrafo Jabin Botsford, do The Washington Post (veja post abaixo).
A manifestação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que motivou a resposta da embaixada chinesa no Brasil, emula a provocação do presidente americano, desnecessária em um momento em que se deveria focar em esforços para conter a disseminação da doença e tratar as vítimas.
Do lado do Partido Comunista Chinês (PCC), a narrativa segue a lógica de que o vírus teria sido levado a Wuhan por militares americanos.
Para evitar a estigmatização de uma região, país ou etnia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apressou-se em chamar a doença de covid-19 e identificar o vírus como SARS-Co-2, quando a crise ainda fazia suas primeiras vítimas na Ásia. Era uma tentativa de evitar a repetição de situações em que epidemias ficaram conhecidas pelos locais de origem, animais ou pelo público mais vulnerável.
Foi assim como a gripe espanhola, de 1918, a peste negra, entre 1343 e 1353, e, mais recentemente, a gripe aviária (H5N8) e suína (H1N1). Nomes reforçam preconceitos e xenofobia.