Na conversa entre Donald Trump e o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, passou quase despercebido o agradecimento do visitante pelo aval para a venda de 12 aviões Super Tucano A-29 para o país africano. O contrato, avaliado em US$ 593 milhões, cerca de R$ 1,8 bilhão, havia sido bloqueado pela administração de Barack Obama, depois que a força aérea nigeriana bombardeou, aparentemente por erro, um campo de refugiados internos. No episódio, 112 civis morreram em Rann, no nordeste do país.
Não é de hoje que o modelo brasileiro, fabricado pela Embraer, é o queridinho das forças armadas para combater grupos rebeldes ou extremistas. Desde que foi lançado, em 2004, o A-29 Super Tucano, já combateu a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), foi usado no Afeganistão, Líbano, encomendado pelas Filipinas e ganhou a preferência da força aérea dos Estados Unidos.
Agora, irá combater o grupo terrorista Boko Haram na Nigéria. Para quem não lembra: trata-se da organização que, em 2014, sequestrou 276 meninas na escola de Chibok. Uma operação semelhante ocorreu em fevereiro deste ano, quando outras 110 estudantes de um internato foram raptadas em Dapchi. Aliás, enquanto Buhari era recebido na Casa Branca, o Boko Haram, hoje mais atuante e sanguinário do que a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico, praticava mais um atentado: uma dupla-explosão que matou 71 pessoas em Mubi.
O Super Tucano é produzido em Gavião Peixoto, interior de São Paulo, e em Jacksonville, na Flórida (EUA), em parceria com a fabricante local Sierra Nevada Corporation (SNC). Venceu acirradas disputas por contratos milionários e já foi vendido a 13 países: "Por suas características de desempenho e baixo custo operacional, o Super Tucano tem atraído o interesse de diversas nações. Trata-se de uma aeronave turboélice robusta, versátil e potente, capaz de executar uma ampla gama de missões, mesmo operando em pistas não preparadas", comenta a Embraer.