Que o passaporte brasileiro é um documento visado por criminosos internacionais, por ter fácil aceitação mundial (acima de quaisquer rixas diplomáticas), muita gente já sabe. A novidade é que o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, teria emitido, supostamente por meios fraudulentos, um passaporte do Brasil para conseguir vistos para acesso a nações ocidentais. A denúncia é da agência de notícias Reuters, que inclusive divulga a foto do documento do atual líder norte-coreano bem mais jovem.
O documento tem data de emissão de 1996. Kim aparece com o nome de Josef Pwag, com nascimento em São Paulo em 1º de fevereiro de 1983. Não se sabe a data de nascimento verdadeira de Kim – um dos segredos mais bem guardados pela ditadura –, mas acredita-se que, nesta época, ele tinha entre 12 e 14 anos.
Também o pai de Kim, o ex-ditador Kim Jong-il, que morreu em 2011, teve passaporte emitido no Brasil. O nome utilizado: Ijong Tchoi, com nascimento em 4 de abril de 1940, também em São Paulo. Os dois documentos têm como repartição expedidora a embaixada do Brasil em Praga.
Procurada pela Reuters, a embaixada da Coreia do Norte em Brasília não quis comentar o caso. O Itamaraty informou que está analisando a situação. Cinco fontes ouvidas pela agência confirmaram que os passaportes foram utilizados para obter vistos em países do Ocidente, no que, acredita-se, poderia ser uma rota de fuga.
Não seria a primeira vez que Kim Jong-un tentaria usar documentos falsos para sair da Coreia do Norte. Em 1991, ele visitou a Disney de Tóqui utilizando passaporte brasileiro, conforme o jornal japonês Yomiuri Shimbun, que noticiou a história em 2011.