Ele foi eleito no ano passado com amplo apoio da até então chefona da Europa, Angela Merkel, ambos trabalharam juntos nos primeiros meses, mas a paralisia do governo alemão após a reeleição da chanceler acabou dando vantagem competitiva a Emmanuel Macron (foto), que é novo queridinho do continente – ou ao menos da parte que prefere permanecer unida a despeito dos isolacionismos de Theresa May e Donald Trump.
Enquanto Merkel não consegue formar o governo de coalizão, porque seu partido, a CDU, não conseguiu maioria para liderar sozinha no parlamento, o francês alça voo como principal líder europeu. Seu lastro é a política externa: fez mais de 30 viagens internacionais em oito meses. Macron tem tem usado sua energia e juventude (40 anos), estilo (ternos bem cortados e gravatas slim) e postura de negociador que lembra muito Barack Obama para aproveitar a janela de oportunidade externa que não se sabe por quanto tempo permanecerá aberta. Dos quatro gigantes que poderiam ocupar o espaço de líderes mundiais, apenas a França combina querer com poder: a Alemanha não pode. Os EUA de Trump (America First) e o Reino Unido de May (Brexit) não querem.
Na semana passada, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o francês foi aplaudido ao prometer pôr fim a todas as unidades de carvão até 2021 – serão substituídas por fontes renováveis. Em uma provocação a Trump, que retirou os EUA do acordo de Paris sobre o aquecimento global, Macron não apenas convidou cientistas a trabalharem na França como disse que seu país irá se tornar modelo na luta contra mudanças climáticas.
O discurso externo ecoa internamente: eleito em maio com 66% dos votos, ele tinha, em agosto, 43% de aprovação. O fantasma do socialista François Hollande, que fechou o governo com 3%, aparecia na janela do Palácio do Eliseu. Mais de 30 viagens, acenos de negociação – inclusive com a Rússia – e uma postura de diálogo elevaram sua popularidade para 52%.