Donald Trump, que durante a campanha para a Casa Branca prometera isolar os Estados Unidos do resto do mundo para tornar a América grande outra vez, acabou tragado pelo caos do Oriente Médio. As cenas dantescas de crianças mortas asfixiadas no ataque com gás químico, que até o momento o governo de Bashar al-Assad nega ter cometido, foram determinantes para que o presidente americano apertasse o botão. Sua mais importante decisão desde a posse em 20 de janeiro não foi no front interno. Novato em política externa, Trump foi confrontado pela realidade de um conflito muito mais intrincado do que imaginou.
Dezenas de mísseis atingem nesta madrugada a base de Al-Shayrat, de onde teria partido o ataque com armas químicas. Não estava nos planos de Trump ir à guerra tão cedo. Mas, embora estivesse mais preocupado com o front doméstico da economia, ele havia dito em várias ocasiões que eliminaria o grupo Estado Islâmico. Sem nunca dizer como.
Acabaram não sendo os terroristas seus primeiros inimigos como comandante-em-chefe da nação. Os Tomahawk que caem sobre a Síria têm como alvo um governo constituído – a ditadura de Al-Assad, ironicamente, aliada de quem Trump mais cortejou nos últimos tempos, o presidente russo, Vladimir Putin. Terrorismo de Estado, aquele que mata crianças asfixiadas, também é terrorismo.