Durante os longos 46 anos da minha trajetória profissional, acompanhei o trabalho de Antônio Carlos Verardi. Nas viagens, que foram muitas, visitamos os cinco continentes. Verardi comandava os processos logísticos da delegação em tempos de longas paradas em aeroportos para conexões de voos.
Ele lidava com a função com grande desenvoltura, sempre com a maior tranquilidade. Em uma viagem pela Europa, nos tempos em que times brasileiros faziam excursões, minha mulher, Jussara, e as esposas do vice-presidente Luís Carlos Silveira Martins e do presidente Fábio Koff, ficaram impressionadas com a fidalguia e competência do Verardi na solução dos problemas que surgiam.
Quando Telê Santana foi técnico do Grêmio, formamos um time que fazia jogos de "bola 5" contra adversários da cidade que o clube visitava. O time era formado pelo Telê, pelo Ithon Fritzen, pelo Luiz Nei Rezende, pelo Verardi e por mim. Era uma boa equipe. Ele, além de tudo, era muito bom de bola. Chegou a ser profissional quando jovem.
Na gestão presidencial de Luiz Carvalho, ele foi diretor de futebol. Uma época de grave crise financeira. Nunca se ouviu uma queixa sequer deste profissional. Nunca se ouviu uma entrevista polêmica do Verardi. Sempre bem vestido, esbanjando elegância pessoal, fidalguia no trato com as pessoas.
Mas, se eu tivesse que escolher a marca mais importante de sua vida, diria que foi com a relação dos jogadores. Ao longo da minha carreira, ouvi muitos atletas se referirem aos seus conselhos.
Desde aplicação profissional, cuidado financeiro e procedimentos familiares, até cuidados com relacionamentos de pessoas interessadas com o dinheiro e a fama que eles tiveram. Não são poucos os casos de jogadores que reconheceram, com muita ênfase, a importância do Verardi na vida deles.
Pois hoje perdemos esta grande figura. Empobrece o futebol, perde o Grêmio como instituição, perdem os torcedores que sempre o admiraram, mas perdem, sobretudo, seus familiares.
Um dia triste para mim, que muito convivi com ele, com quem aprendi muito nas longas viagens e nas conversas intermináveis nos saguões dos hotéis ou à beira dos campos de treinamento, onde se fala muito sobre futebol.