Crônica publicada em 20/07/2002
Muitas pessoas solicitaram que eu repetisse aquela crônica que publiquei aqui neste espaço em 1994, aparecida indevidamente nos últimos tempos na internet, primeiro como de autoria de Vinicius de Morais e agora, em outros sites, já como criação de outros escritores estrangeiros, mas também atribuída a mim, depois que protestei aqui contra a apropriação indébita.
É minha a crônica. É só minha. Foi publicada no meu livro O gênio idiota. E como hoje é o Dia do Amigo, vem bem a calhar o texto integral que saiu um dia do fundo do meu coração. Aí abaixo.
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"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos!
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Porque não os procuro com assiduidade, não posso dizer-lhes o quanto gosto deles!
Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos, mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.
Às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles e me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus verdadeiros amigos!!!
A gente não faz amigos, reconhece-os!"
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