Não duraram 24 horas as quatro faixas que a Associação de Moradores da Cidade Baixa espalhou por ruas boêmias do bairro na terça-feira. Um pessoal irritado com a mensagem – que apoiava "ações da Brigada Militar contra a baderna noturna" e exigia "de volta nosso sossego" – apressou-se em arrancar tudo.
Instaladas na Lima e Silva, na João Alfredo e na José do Patrocínio, as faixas custaram R$ 550. Uma delas foi resgatada por uma moradora enquanto um rapaz tentava derrubá-la – nos próximos dias, a faixa deve retornar à João Alfredo, desta vez fixada em um ponto ainda mais alto sobre a via. Foi na João Alfredo que a Brigada Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar frequentadores no fim de semana retrasado.
– A gente não é a favor de repressão, somos a favor do bom senso. Se não existe bom senso, a lei tem de ser cumprida. É proibido obstruir via pública e existe a lei federal do sossego – diz um membro da associação de moradores, pedindo sigilo de identidade por receio de represálias.
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No Facebook, fez sucesso em um grupo de vizinhos do Centro Histórico uma debochada montagem com a faixa. Em vez de apoiar "ações da Brigada Militar contra a baderna", a imagem apoiava "ações de ocupação contra os fascistas". Em vez de pedir "de volta nosso sossego", pedia "de volta nosso rolê".
Nada disso existiria se a Brigada, nos finais de semana, surgisse antes de a situação tornar-se insustentável. Não é culpa da corporação – é culpa de um Estado incapaz de prover um contingente mínimo de patrulhamento. Se a polícia andasse normalmente pela rua, pedindo para baixar um som alto aqui, repreendendo um rapaz que mija num prédio ali, naturalmente os excessos seriam coibidos. É a velha prevenção, funciona em qualquer lugar.
Mas, já que aqui ela não existe, nos resta o confronto. São os "baderneiros" contra os "fascistas". Por favor, que cansaço.