Faz semanas que leitores escrevem para a coluna perguntando quem é a personagem daquela dramática faixa na Avenida João Pessoa. "Pela não demissão da Dona Marlene", protesta a inscrição em frente ao prédio do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da UFRGS, ao lado da Casa do Estudante.
Pois Marlene Gomes Sirio, 63 anos, foi dispensada no fim de março, após 10 anos como recepcionista do PGDR, o que provocou comoção entre estudantes e professores. Um abaixo-assinado com mais de 250 assinaturas foi entregue à UFRGS pedindo sua permanência. Não adiantou: a empresa terceirizada alegou necessidade de reduzir o quadro de funcionários, e a universidade afirmou que nada poderia ser feito.
– Na primeira semana, cheguei a adoecer. Baixou minha pressão, fui parar no hospital. Era como se perdesse minha família – conta Dona Marlene, que agora encaminha sua aposentadoria e visita todos os dias o prédio do PGDR. – É uma alegria para mim aparecer lá. Os alunos me veem e ficam loucos.
No dia da despedida, em 20 de março, estudantes organizaram um almoço e leram depoimentos de pessoas que conviveram com ela. Foi uma choradeira.
– Ela atuava como mãe – diz a mestranda Fernanda Vasconcellos, 29 anos. – Dava tanto carinho e consolo, que ajudou muita gente a não desistir da pós-graduação.
Obrigado por tudo, Dona Marlene.