Depois de propor absurdos como prisão perpétua para quem for "sarcástico" com animais (seja lá o que signifique isso), coleira eletrônica no pescoço de quem matar ou estuprar um bicho, passarelas e túneis para o bicharedo atravessar rua, além de tentar obrigar todas as famílias de Porto Alegre a adotarem um cachorro ou gato, o vereador Rodrigo Maroni (PR) tem um novo projeto.
Agora ele quer obrigar – ele adora obrigar – os clubes de futebol a estamparem em suas camisas a seguinte frase: "Adotem animais".
Fico pensando se a moda pega. O vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que é cicloativista, imporia aos clubes a frase "mais amor, menor motor", Fernanda Melchionna (PSOL) pediria "direitos iguais à população LGBT", Mônica Leal (PP) diria que "os militares foram heróis em 1964", depois alguém exigiria "salvem as baleias", "pratique esportes", "Porto Alegre é demais" etc etc etc.
Já escrevi outra coluna dizendo que não, vereador, o senhor não pode obrigar os assassinos de animais a usarem coleiras eletrônicas no pescoço. Nem exigir castração química para quem estuprar bichinhos. Nem estabelecer três anos de prisão para quem furtar um animal doméstico. Nem obrigar todas as famílias de Porto Alegre a adotar um cachorro ou gato. Nem mandar a prefeitura pagar salário para todos os protetores de animais da cidade. Nem obrigar os vereadores a doar 30% de seus salários à causa animal.
Porque todos esses projetos ou são inconstitucionais, ou extrapolam as atribuições da Câmara de Vereadores. Portanto, não servem para nada além de desperdiçar tempo e dinheiro público – já que envolvem gastos com estrutura, com impressora, com papéis, com assessores, com uma série de comissões da Casa.
Rodrigo Maroni, uma dica: peça uma audiência com o Inter e o Grêmio e sugira que, no próximo Gre-Nal, os jogadores entrem em campo com uma grande faixa escrito "adotem animais". Pronto. Muito mais simpático – e bem menos arbitrário.