Muito estranho. O governo Michel Temer cancelou a autorização de residência temporária de dois anos a cidadãos de países que fazem fronteira com o Brasil e estão fora do Acordo de Residência do Mercosul, que beneficiava principalmente os venezuelanos. Só que a revogação foi publicada nesta quinta-feira, um dia após a resolução original do Conselho Nacional de Imigração ter sido publicada.
Tudo pelo Diário Oficial.
Embora a medida se estendesse aos cidadãos de Guiana, Suriname e Guiana Francesa, eram os vizinhos do país governado por Nicolás Maduro quem acabariam usando a regra para fugir da crise socioeconômica e institucional.
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Há um apelo da Organização dos Estados Americanos (OEA) para que os países vizinhos socorram os venezuelanos no caos humanitário do país caribenho.
Pela autorização revogada, os venezuelanos passariam a ter direito a pedir residência direta após vencido seu visto de turista, de 90 dias. Conforme o texto, a medida vale "a todos os cidadãos que estão em situação migratória irregular" em território brasileiro. Dentre eles, estão 450 imigrantes detidos em dezembro pela Polícia Federal (PF) em Roraima, em sua maioria índios da etnia warao. A PF os retirou das ruas de Boa Vista e Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
O documento fazia referência ao "fluxo migratório, sobretudo na região Norte, de nacionais de países fronteiriços que ainda não são parte do acordo de residência", em alusão indireta aos aumento da entrada de venezuelanos.