Os acontecimentos das próximas semanas dirão muito sobre como a família real britânica pretende se posicionar e ser vista no futuro.
A decisão parece irrelevante, mas o casal William e Kate divulgará em qual escola o filho George irá estudar. A dúvida é se eles irão pela escolha tradicional, uma das caras e exclusivas escolas particulares de Londres, ou se vão ousar, marcando um novo tempo mais "pé no chão" da realeza, e optar por uma escola pública. A tendência de outras famílias reais na vizinhança é a linha modesta, o que agrada muito aos súditos. A princesa Mary da Dinamarca, por exemplo, escolheu a rede pública e ainda leva os filhos de bicicleta para as aulas.
O inglesinho George, três anos, futuro rei da Inglaterra (na linha sucessória, depois do vovô Charles e do pai William), vive hoje com os pais, a irmã Charlotte e a babá espanhola em Norfolk, a quase três horas de Londres.
A casa georgiana do século 18, chamada Anmer Hall, foi presente de casamento da rainha Elizabeth, e fica dentro da propriedade de Sandringham. É para lá que a rainha viaja no Natal, é tida como sua residência de descanso oficial e propagandeada como a casa mais confortável do Reino. Os boatos são fortes de que os duques de Cambridge (William e Kate) deixariam a vida pacata e afastada de Londres e voltariam à capital para viver no Palácio de Kensington.
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Políticos de primeiro escalão, inclusive David Cameron, enquanto primeiro-ministro, inscreveram seus filhos em escolas públicas inglesas. Para a família real, por enquanto, a escola mais cotada é a particular Wetherby, em Notting Hill, onde William e Harry estudaram, ou uma filial dela, que será aberta próximo ao Palácio de Kensington.
A escolha de Wetherby, na época de Diana, já foi uma inovação. Jovens integrantes da família real ficavam em casa com babás antes de serem enviados para um internato tradicional. Se optarem pela mesma escola de William, os duques de Cambridge terão uma conta de aproximadamente R$ 90 mil por ano.
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Poucos apostam num ato mais ousado de William e Kate. Eles teriam como opção uma escola no interior, para manter os filhos resguardados do assédio, ou uma escola pública anglicana próxima ao palácio (a mesma onde estudam os filhos de Cameron).
A mudança da família para Londres parece a trajetória natural, já que a rainha, aos 90 anos, não abandonará a coroa, mas irá diminuir o número de compromissos oficiais. Elizabeth anunciou que deixará de ser patronesse de 25 entidades, repassando os títulos a outros integrantes da família real, incluindo os pais de George.
William, em contrato reduzido de horas, tem um emprego como piloto de resgate em uma empresa de helicópteros e doa seu salário à caridade. O contrato se encerra em março, e é esperado que o príncipe anuncie o fim da carreira para se dedicar integralmente aos compromissos da realeza.
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A linha de educação do herdeiro pode seguir o mesmo caminho de outras escolhas da família. Se inicialmente Kate usava roupas de marcas comerciais acessíveis, recentemente já se rendeu a um guarda-roupa mais luxuoso e caro. O mesmo se dá com a equipe de assessores que acompanha o casal, antes mínima, atualmente completíssima. Hoje, George estuda num escolinha infantil local, com mais da metade das famílias vivendo com benefícios sociais do governo. Foi um começo.
Lord Snowdon, amante inveterado
Foi anunciada, no dia 13, a morte de Lord Snowdon, marido da já falecida princesa Margaret (1939-2002). Antony Snowdon era fotógrafo e ganhou reconhecimento pelos retratos de artistas, como Marlene Dietrich e David Bowie. Mas, é claro, foi clicando a família real que ganhou fama.
Margaret, a única irmã da rainha, teve uma vida amorosa complicada. A primeira temporada do seriado The Crown (do Netflix) explorou isso bem. Ela se apaixonou por um oficial casado que, mesmo depois de separado, foi considerado inadequado para o casamento.
Com Snowdon, a princesa tentou superar a decepção. Ele foi o primeiro plebeu a se casar com a filha de um rei em 450 anos. Após 18 anos e dois filhos, o romance chegou ao fim devido a inúmeros casos de infidelidade fartamente documentados. Foi o primeiro divórcio da realeza desde Henrique VIII.
Lord Snowdon ainda viveu uma animada vida amorosa: casou-se mais uma vez, teve a terceira filha e se separou quando a esposa descobriu que ele havia engravidado outra mulher. Em 2004, a quinta filha dele foi reconhecida. Ela havia nascido três semanas depois do casamento do fotógrafo com a princesa Margaret.