O magnata Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos com um discurso que põe muita gente sobressaltada em todo o mundo. Trump fala contra minorias, mostra-se preconceituoso e ameaça erguer um muro contra mexicanos. Curiosamente, uma aproximação do México com esses valores (valores?!) se deu em seguida à eleição de Trump: a direita no Congresso mexicano rejeitou ontem à noite a proposta do presidente Enrique Peña Nieto para garantir na Constituição o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
- A redação do projeto afirmava que o matrimônio é entre pessoas e não na concepção antiga de que acontece apenas entre homem e mulher - disse o deputado Guadalupe Acosta Naranjo, de esquerda.
Deputados dos Partidos Ação Nacional (PAN), Verde (PVEM) e Encontro Social (PES) votaram contra a proposta, alegando que ela não corresponde ao Congresso Nacional e sim a cada um dos congressos locais, por ser questão civil.
- Não faz sentido, há 15 dias votamos por unanimidade uma lei que dava atribuições ao Congresso para legislar em matéria civil - disse Acosta Naranjo, cujo partido votou a favor da proposta presidencial.
Entre os partidos que votaram contra, PAN e PVEM já haviam declarado seus vínculos católicos, enquanto o PES se anuncia como o "partido da família", com identidade humanista cristã. No caso do Partido da Revolução Institucional (PRI), ao qual pertence o presidente Peña Nieto, o voto foi dividido.
O momento mais emotivo foi o discurso do deputado Benjamín Medrano Quezada, que afirmou:
- Esta é uma decisão pessoal, votarei a favor do texto porque é a favor de minha dignidade como ser humano, como homossexual e como deputado federal.
Em 2009 a capital do México foi a primeira cidade da América Latina a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e em 2015 a Suprema Corte de Justiça estabeleceu jurisprudência para legalizar a medida em todo o país. Mas pouco menos da metade dos estados incluíram a medida no código civil local.