A Colômbia quer pressa para, enfim, definir uma paz sustentável.
Os negociadores do governo da Colômbia pediram nesta terça-feira a rápida implementação do acordo assinado no fim de semana com as Farc, após incluírem petições de setores que se opuseram nas urnas ao acordo original.
- Acredito que a maioria dos colombianos mostra apoio, satisfação, e, sobretudo, desejo de uma rápida implementação. Este é o acordo final, assim se denomina, e o que não podemos fazer é perder tempo. Deve-se iniciar a sua colocação em prática - disse o negociador-chefe do governo, Humberto de la Calle, em entrevista coletiva no palácio presidencial. - Realmente não há espaço para uma nova negociação, depois de 130 horas de trabalho minucioso com as Farc. Realmente é isto que temos - completou, referindo-se à renegociação que ocorreu nos últimos dias para incluir petições dos setores que votaram contra o acordo original no referendo de 2 de outubro, de voto facultativo, alta mobilização do "não" e apenas um terço do eleitorado presente.
O novo texto foi divulgado ontem, e, embora ainda não tenham feito um pronunciamento definitivo, representantes de partidos que rejeitaram o documento nas urnas, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe, adiantaram sua surpresa diante da rapidez com que foi anunciado.
- Consideramos que este acordo apresentado não é um documento definitivo, e iremos estudá-lo, revisá-lo e analisá-lo. Depois desta avaliação cuidadosa, iremos apresentar nossas conclusões à opinião pública - disse o advogado Rafael Nieto, próximo de Uribe, após uma reunião de porta-vozes do "não".
Destacando que foram feitas alterações em 56 dos 57 temas propostos pela oposição, os negociadores do governo disseram que esperam se sentar já hoje ou amanhã com os porta-vozes do "não", para lhes explicar as mudanças. Também insistiram em que, paralelamente, buscarão definir como o novo texto será referendado, para que seja implementado imediatamente e não coloque em risco o cessar-fogo respeitado desde agosto.
O governo, porém, insiste que o acordo é "definitivo". Resta agora, definir como será referendado - se com um novo referendo, se por aprovação parlamentar ou se por decreto presidencial. A oposição, em um primeiro momento, diz que "faltam ajustes". O líder dos negociadores do governo, Humberto de la Calle, diz que o novo documento "acolhe 80% das inquietudes dos que votaram no "não".
Em documento, os representantes do "não" reconheceram que muitas de suas propostas foram aceitas - como a exigência de que as Farc façam um inventário de seus bens e que magistrados estrangeiros não possam participar dos tribunais especiai s-, mas que os pontos essenciais não foram tocados. E quais são eles? Em especial, a elegibilidade política dos ex-guerrilheiros condenados e como serão cumpridas as penas. O grupo do "não" queria que o novo texto incluísse uma proibição da participação, em eleições, de ex-guerrilheiros que cometeram delitos graves, e também que esses cumprissem suas penas em cárceres bem definidos, se não em prisões comuns, em colônias penais agrícolas. Quanto ao primeiro item, o governo aceitou reduzir o subsídio que daria para que as Farc formassem seu partido, mas manteve a garantia de que ex-guerrilheiros, mesmo condenados, possam concorrer a cargos públicos. Também manteve a determinação de que, nas legislaturas que começam em 2018 e 2022, haverá representantes das Farc. Quanto ao cumprimento das penas, o governo e as Farc cederam também apenas em parte. Não foi aceita a proposta de que fossem cumpridas em colônias penais. Apenas se especificou que a área de restrição de liberdade dos condenados será melhor definida, e que não poderão circular livremente pelo país. A oposição já disse que essas alterações são insatisfatórias.
Portanto, segue o baile.