É o pacto definitivo e será referendado pelo Congresso, depois de o referendo de 2 de outubro, com voto facultativo, mobilização total dos opositores e apenas um terço do eleitorado presente, tê-lo derrotado por margem pequena: o governo da Colômbia e a guerrilha das Farc assinarão nesta quinta-feira, em um teatro de Bogotá, o acordo definitivo de paz para acabar com meio século de confrontos e que foi renegociado para incluir propostas da oposição que defendera o "não".
O tamanho do pequeno e clássico Teatro Colón, recentemente reformado e com capacidade para 800 pessoas, marcará o tom discreto da cerimônia em que o acordo será assinado pelo presidente Juan Manuel Santos e o líder das Farc, Rodrigo Londoño ("Timochenko"). Nada a ver com a assinatura do acordo original, que ocorreu em 26 de setembro na cidade caribenha de Cartagena, na presença de 2,5 mil convidados, entre eles 15 chefes de Estado.
A cerimônia, no entanto, será exibida através de telões na praça Bolívar, para que o público possa acompanhar o ato.
A escolha de um espaço menor foi alvo de críticas por parte das Farc.
O comandante guerrilheiro Marcos Calarcá, membro da delegação de paz que negociou por quatro anos com o governo colombiano em Cuba, afirma que o espaço é limitado e muitas pessoas mais mereciam estar presentes na cerimônia.
O ex-presidente da Colômbia e atual senador Álvaro Uribe, por sua vez, é contrário ao acordo e pediu para se reunir com as Farc e fazer novas alterações no novo pacto para que, por exemplo, não se permita a elegibilidade política de responsáveis por crimes atrozes enquanto cumprem suas penas e que o acordo não seja incluído na Constituição.
- Deve-se recorrer ao referendo popular, bem seja de todo o acordo, ou pelo menos desses temas sensíveis sobre os quais não há acordo 0- disse ele.
Lamentando que setores "radicais" da oposição rejeitem a novo proposta, Santos garantiu, por sua vez, que "a porta está aberta" para um diálogo, apelando para que cheguem a um consenso "sobre a implementação do acordo".
As Farc praticamente descartaram a reunião com Uribe por considerar que o ex-presidente quer "adiar" a paz e tem em mente simplesmente eliminá-la.
Para o diretor do centro de análises de conflito Cerac, o analista Jorge Restrepo, "está claro que seria melhor ter um acordo de consenso, mas isso é quase impossível de conseguir com o que o Centro Democrático (partido de Uribe) está pedindo às Farc, que é que não se elejam politicamente".
Na quarta-feira, os negociadores do governo se reuniram com os porta-vozes dos partidos favoráveis ao acordo para definir os passos a seguir a fim de referendar o texto, assim como as primeiras leis que serão apresentadas para implementar o acordo. Entre elas, está a da anistia para os guerrilheiros que não estão acusados de terem cometido crimes atrozes.