Opa, as coisas começam a andar como... o governo venezuelano quer. Do jeito que está sendo definido o cronograma para o referendo revogatório do mandato de Nicolás Maduro, a consulta será feita somente depois de 10 de janeiro de 2017. E o que isso significa? Significa que, com a probabilíssima derrota do presidente, ele poderá indicar o seu sucessor como quem indica um ministro - antes de 2017, haveria nova eleição; depois, o vice é indicado, e o vice, na Venezuela, não é eleito, mas escolhido pelo presidente - um mero auxiliar. Claro que a tendência, então, é a de Maduro governar por trás de um laranja.
A reitora do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Socorro Hernández, confirma: a oposição poderá coletar as 4 milhões de assinaturas necessárias para ativar um revogatório na semana de 24 a 30 de outubro. O órgão eleitoral já havia anunciado que a coleta de assinaturas de 20% do padrão eleitoral poderia ser no final de outubro, mas a aliança de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou marcha para esta quinta-feira em Caracas a fim de exigir que estabeleça a data da convocação e que o referendo seja realizado ainda este ano. "A exigência realmente já tem uma resposta: essa coleta de 20% será feita entre 24 de outubro e 30 de outubro. É nessa semana, e são três dias" de coleta, disse Hernández, em entrevista à emissora Venevisión.
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A reitora não especificou o dia exato do início do processo de coleta de rubricas e disse que "provavelmente" o CNE pedirá em outubro que as 4 milhões de assinaturas sejam obtidas de forma pública, com 20% proporcional do padrão em cada um dos 24 estados do país. Esse ponto foi criticado em junho passado pela oposição, que acusou o CNE de dificultar a coleta.
A MUD convocou seus seguidores a uma simbólica "Tomada de Caracas", em 1º de setembro próximo. O governo alega que essa manifestação tem como objetivo deflagrar a violência para justificar um golpe contra Maduro. Já os opositores garantem que sua marcha será pacífica e que é o governo quem tem a intenção de gerar violência com a convocação de "contramarchas" para a mesma data.
A Venezuela vai pegar fogo.