Boris Johnson – cabeça da campanha do Brexit, ex-prefeito de Londres e que chegou a ser favorito para o cargo de primeiro-ministro – assumiu um dos ministérios de maior prestígio, o das Relações Exteriores, e sob forte pressão. Questionado por lideranças internacionais e até internamente em seu partido (o Conservador), Boris, em sua primeira semana no posto, já teve que lidar com a tragédia de Nice e a tentativa de golpe militar na Turquia.
O caso da Turquia é ainda mais delicado para ele: Boris Johnson, que nasceu nos Estados Unidos, tem ascendência turca (seu avô paterno era turco), e qualquer declaração sua tem repercussão amplificada.
A tentativa de golpe reverbera muito na Grã-Bretanha em tempos de Brexit. A possibilidade de a Turquia vir a integrar a Comunidade Europeia e sua população ter acesso livre ao Reino Unido foi bandeira de campanha daqueles que apoiavam o Brexit – já que temiam a entrada de mais imigrantes. Com as incertezas políticas e a radicalização do regime no país, qualquer negociação para integrar o bloco é retardada.
Um dos assuntos preferidos da imprensa por aqui é se o golpe foi ou não uma armação do próprio presidente Recep Tayyip Erdogan para se livrar do movimento do clérigo Fethullah Gülen, antigo aliado de Erdogan – hoje inimigo número 1. Pessoas com alguma relação com Gülen estão sendo presas.
A tese tem sido repetidamente negada pelo governo.
Brexiteers em crise
Os três ministros mais poderosos do governo de Theresa May e que apoiaram o Brexit passaram a ser chamados de "Brexiteers" – em referência aos Três Mosqueteiros (The Three Musketeers). São eles: Boris Johnson, David Davis (o mais radical) e Liam Fox.
Eles precisam trabalhar em sintonia, mas nem tudo está saindo como o planejado. Tradicionalmente, Chevening House é a casa de campo do ministro das Relações Exteriores, no caso, Boris Johnson – que, se sabe, não suporta seus outros dois colegas mosqueteiros. O problema é que a primeira-ministra determinou que a residência de 300 quartos, erguida no século 13, seja dividida pelos três. A perda de status enfureceu Boris.
Terceira via
Com o terremoto político que sofreu o Reino Unido nos últimos meses, a aposta é de que o lançamento de um terceiro partido será breve, quebrando a histórica disputa trabalhistas x conservadores. A linha descontente dos trabalhistas se uniria à linha light dos conservadores, que votou pela permanência na União Europeia – e ainda abrangeria uma ala descontente dos liberais democratas.
A moda da política
Três grifes inglesas lucraram bem com a mudança de comando rápida na política inglesa. Desde que David Cameron e a mulher, Samantha, se despediram na porta da residência oficial em Downing Street 10 com os filhos, a marca infantil ilovegorgeous viu os vestidos floreados usados pelas filhas Nancy e Florence sumirem das araras. Já Sam, a ex-primeira-dama, vestiu Roksanda Ilincic, a estilista sérvia baseada em Londres e formada pela Central Saint Martin's. Roksanda tem como assinatura vestidos de caimento perfeito, comprimentos médios e coloridos geométricos marcantes.
A terceira grife a lucrar com a política foi a que a nova primeira-ministra escolheu para a posse. Theresa May usou Amanda Wakeley. Aos 59 anos, mostrou-se ousada, elegendo a etiqueta das jovens senhoras da elite inglesa. Amanda vestiu a princesa Diana, muitas estrelas inglesas e Kate Middleton.
Mas a marca registrada de Theresa são os sapatos marcantes, com tigrados, estampas e cores fortes.