A Argentina está em alerta máximo. É reveladora esta frase de uma autoridade da inteligência local, vinculada diretamente ao presidente Mauricio Macri:
"Em agosto, pelos Jogos Olímpicos, a Argentina será um alvo secundário ao Brasil, onde se concentrará a atenção do mundo e, por isso, fica uma grande vitrine para os terroristas . Mas, como o local de nascimento do Papa é a Argentina, somos um alvo primário permanente. Isso é conhecido por qualquer analista de inteligência.”
Buenos Aires viveu a dor de dois atentados terroristas entre 1992 e 1994, respectivamente contra a embaixada de Israel e a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), nos quais morreram 114 pessoas – 29 na embaixada e outros 85 na Amia. Na época, ninguém esperaria que isso pudesse ocorrer. Até que ocorreu. E o trauma se mantém.
O que agrava brutalmente a situação? Os casos, tanto o de 1992 quanto o de 1994, estão impressionante, inexplicável e exasperantemente impunes. O procurador que mais longe foi nas investigações, Alberto Nisman, morreu de forma suspeita, em um caso que ainda hoje provoca dúvidas – se foi suicídio, suicídio induzido ou homicídio.
Nisman morreu na véspera de um depoimento que daria sobre o suposto acobertamento da então presidente Cristina Kirchner a suspeitos iranianos.Muitos dizem que ele foi a 115ª vítima.
Tanto em 1992 quanto em 1994, acredita-se que tudo foi tramado e financiado a partir da Tríplice Fronteira, entre Argentina, Brasil e Paraguai. Hoje, as atenções estão voltadas para Corrientes, província colada ao Rio Grande do Sul. Também há preocupações em relação à hidrelétrica de Yacyretá.
A inteligência argentina tem a informação de que 10 pessoas ligadas a Yussuf Khalil – dirigente islâmico denunciado por Nisman como participante da trama sobre o encobrimento no caso Amia – estiveram no local disfarçados de pescadores. Próximo dali, fica a cidade de Ayolas, vigiada pela inteligência argentina por supostamente ser um reduto do extremismo islâmico no país.