Povos mais desenvolvidos têm o hábito de cultuar seus filhos fora de série. Por aqui, não só não cultuamos os nossos, como, frequentemente, temos um estranho prazer de depreciá-los.
Tom Jobim dizia que sucesso no Brasil é ofensa pessoal. Infelizmente, estava certo.
Eu poderia até arriscar as atávicas razões que nos fazem manter esse cacoete cultural, mas não vamos entrar neste mérito. Vamos nos fixar nos nossos fora de série, em especial, naqueles que poderão fazer toda a diferença no futuro.
Trabalhando todo o dia com inovação, esbarro em conservadorismos e falta de perspectiva. Por outro lado, isso me possibilita cruzar com muita gente fora do comum. Especialmente com uma gurizada diferenciada que pensa rápido, tem maneiras muito singulares de construir e destruir cenários, e de interpretar a realidade.
No geral, não se queixam tanto das mazelas rio-grandenses como seus pais. Embora o seu inconformismo apareça com frequência nas redes sociais, a sua expressão máxima está em tudo o que rejeita. Esses caras são focados, apaixonados pelo que fazem e mantém um providencial distanciamento crítico das lambanças políticas, da desesperança generalizada e da repetição teimosa e, muitas vezes, bandida de velhas concepções. Talvez, por isso, se olharmos pra eles sem a devida atenção, é fácil confundir sua postura com alienação.
Puro equívoco.
Dia desses, fiquei sabendo que entra no ar, nas próximas semanas, uma plataforma web chamada RSPOSSÍVEL que, entre outras coisas, pretende identificar e registrar potenciais empreendedores revolucionários. Quem são os novos Tramontinas, Zaffaris, Gerdaus, Colombos, Randons ou Sirotskys do RS?
A proposta me pareceu oportuna, o Rio Grande precisa ser repensado ontem, precisa parar com o mimimi e partir para a ação, assim como os fundadores do Mercado Brasco que reinventaram o negócio do mercadinho de bairro e o transformaram num case de sucesso; ou como os novos proprietários rurais, industriais, prestadores de serviço, comerciantes e até funcionários públicos que repensam, enfrentam e destravam uma porção de tranqueiras do nosso ambiente de negócios.
O RS tem aproximadamente 100 mil empresários, na faixa dos 20 aos 35 anos. A estimativa dos criadores de RSPOSSÍVEL (tomara que estejam certos!) é de que 0,1% deste universo é formado por outliers. Ou seja, uns cento e poucos jovens que acreditaram no nosso Estado, decidiram ficar, inovar e fazer diferente.
Agora, imagine se ampliarmos esse raciocínio e considerarmos que 0,1% de toda a população do RS é potencialmente outlier.
Ok, ok, vou ser menos otimista: digamos que o percentual seja de 0,01%. Ainda assim estamos falando de muita gente!
Quem são? Como pensam? O que têm feito pra alcançar o incomum, o excepcional e o diferente que caracterizam o perfil dos fora de série?
Está provado que a maioria dos grandes avanços e das mudanças mais improváveis foram e serão sempre geradas por gente iluminada, atrevida e transgressora.
Onde estão essas gurias e guris?!
RS, SOS, galera!!