Desta vez, a frase de James Carville, antigo marqueteiro de Bill Clinto, inverte-se. Em vez de "é a economia, estúpido", a definição para o périplo de Barack Obama por Cuba e Estados Unidos é "é direitos humanos...".
Em vídeo, comento a importância do périplo em termos de direitos humanos. Veja neste link.
Claro que a economia estará presente. Em Cuba, vai se falar no fim do embargo e em abertura do mercado. Na Argentina, o retorno do país ao palco das finanças internacionais é até um dos motivos da visita. Mas é o tema "direitos humanos" que faz dessa visita algo simbolicamente especial.
Em Cuba, para onde um presidente americano não vai há quase 90 anos, Obama falará com Raúl Castro sobre o problema dos presos políticos. Seria inadmissível ele chegar lá e não tocar nesse assunto tão sensível e urgente. A pressão, inclusive, é intensa para que ele o faça. Em carta às Damas de Branco, um dos principais grupos oposicionistas cubanos, ele já adiantou que fará isso.
Na Argentina, exatamente no dia em que Obama estará saudando a população na Casa Rosada, uma multitudinária manifestação estará ocorrendo bem em frente, na Praça de Maio. São, rigorosamente nesse dia, os 40 anos do golpe militar de 1976, que mergulhou a Argentina em sete anos de uma feroz ditadura, com 30 mil mortos e desaparecidos.
Ora, é mais que previsível: o democrata Obama, o primeiro presidente negro e seguidor de Jimmy Carter, falará algo. Se não for ele, quem fará isso?
Sempre é importante lembrar: os EUA tiveram forte protagonismo nesse golpe. Logo, prepare-se: teremos dois momentos de profundo simbolismo histórico, tanto em Havana quanto em Buenos Aires.