A América do Sul é uma região que podia, antes dos atentados de 1992 e 1994 em Buenos Aires, considerar-se totalmente livre da praga do antissemitismo. Desde a morte daquelas 114 pessoas na embaixada de Israel e na Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), além de episódios como o "Caso Nisman", a impressão é de que aquele ambiente plural, de respeito às diferenças e miscigenado não é mais o mesmo. A praga não parece tão ausente.
Agora, vem do pacato Uruguai uma notícia inquietante: comerciante judeu de 55 anos morreu em Paysandu, na fronteira com a Argentina e perto do Rio Grande do Sul, após receber diversas punhaladas nas costas por homem com antecedentes criminais no cento da cidade de 80 mil habitantes.
Paysandu é a capital do departamento (Estado) homônimo. Tem uma das maiores comunidades judaicas uruguaias.
Eram 15h! Havia movimento na rua.
Na conta do criminoso no Facebook, a polícia encontrou frases em árabe, manifestações anti-Israel e contatos suspeitos.
No momento do ataque, o agressor gritava "Alá é grande!".
O comerciante era David Fremd. Tinha as lojas "La Popular" e "Jeans Center". Era uma espécie de liderança na comunidade judaica local. Quando foi atacado, chegava a uma das suas lojas para trabalhar.
Um dos seus três filhos o acompanhava. Tentou intervir e defendê-lo das agressões. Pôs-se, atônito, entre agressor e agredido. Queria salvar o pai!
Também acabou sendo esfaqueado. Mas não corre risco de vida.
Como não podia deixar de ser, a comunidade judaica uruguaia está em choque. Todos que se manifestaram sobre o caso se disseram surpresos, principalmente por nunca terem presenciado situações como essa antes na cidade e no país.