O governo argentino volta a dar apoio institucional para a presidente Dilma Rousseff. A correspondente da Agência Brasil em Buenos Aires, Monica Yanakiew, fez este relato, a partir de entrevista coletiva em que o tema era a visita do presidente americano, Barack Obama, nos dias 23 e 24. A chanceler argentina, Susana Malcorra, disse que o governo Macri apoia Dilma e que mudanças só podem ser aceitas se pela via das instituições democráticas.
A ministra disse que a crise política e econômica no Brasil preocupa muito, pois o país é um forte aliado. “Não só esperamos que o Brasil resolva essa crise institucional, da melhor forma possível e o mais rapidamente possível, dentro dos procedimentos da democracia. Desejamos pelos brasileiros e por nós também uma solução, porque precisamos de um sócio forte.”
Susana Malcorra afirmou que, no último fim de semana, o presidente Maurício Macri manifestou publicamente seu apoio a Dilma, pois foi democraticamente eleita. “Como tal não pode haver nenhuma forma de mudança que não seja feita de forma através de instituições democráticas", reforçou.
Detalhe: mudanças democráticas são uma expressão evasiva, que podem significar a manutenção do governo ou sua retirada por algum mecanismo como o próprio impeachment. O apoio é bem menos enfático que outros, recebidos por Dilma de colegas como Nicolás Maduro, Evo Morales e Rafael Correa.
A chanceler afirmou que qualquer situação atípica no Brasil afeta a Argentina. “Seguimos com muita preocupação o que está acontecendo no Brasil. Temos que ser muito cuidadosos no que se diz respeito ao Brasil porque a situação do ponto de vista institucional está em um momento de grande fragilidade”, disse Susana.
Susana disse que tem mantido contatos com os ministros das Relações Exteriores do Mercosul – bloco regional integrado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Juntos, decidiram elaborar nota em que manifestam apoio do grupo a uma solução institucional e rápida à crise brasileira. Por falta de tempo para realizar um encontro antes da visita de Obama a Argentina, Susana disse que os ministros estavam estudando a possibilidade de fazer uma videoconferência.
A crise brasileira, disse a chanceler, tem um impacto econômico forte também na Argentina - além do próprio Brasil, claro: 40% do comércio internacional do país depende do Brasil, de acordo com a chanceler. "A preocupação é clara porque um país do peso, do tamanho e da importância regional que tem Brasil, seja afetado por uma crise institucional, nos afeta todos", disse Susana. "Queremos evitar uma desestabilização da região", completou.