Será que é dor de cotovelo? O certo é que é um grande mi-mi-mi.
A Venezuela vive uma terrível crise econômica, com desabastecimento que deixa as gôndolas dos mercados vazias e inflação em 200%. Também está em pé de guerra, com a oposição conseguindo uma vitória legítima nas urnas e o governo montando um parlamento paralelo para esvaziar a maioria alheia. Enquanto isso, as notícias que chegam da Colômbia, do outro lado da fronteira, são de economia em alta e pacificação nacional, algo que se exemplifica pela iminência de um acordo histórico entre o governo e a guerrilha de esquerda.
A Colômbia cresceu 2,5% em 2015 e é dos poucos na América do Sul com boas perspectivas de desempenho macroeconômico para 2016, com previsão de crescimento entre 3,5% e 4% e desemprego e inflação estáveis. A perspectiva é de que, caso o acordo de paz seja efetivado, o PIB poderá crescer entre 6,5% e 7% a partir de 2017.
Mediante essa situação, o número 2 do chavismo parece estar inconsolável. Diosdado Cabello, líder da ala militar chavista, criticou autoridades na Colômbia que não valorizam o papel da Venezuela nos acordos entre o governo e a guerrilha para a assinatura do tratado de paz. Que coisa! Parece ressentimento.
E as palavras são fortes!
– Hipócritas, fariseus, maus vizinhos, mal-agradecidos – afirmou Cabello.
Ao mesmo tempo, ele deixa claro que não é só isso que o incomoda. Citou o suposto apoio de setores da Colômbia e dos Estados Unidos a "qualquer loucura" da maioria opositora que controlará o parlamento venezuelano a partir de 5 de janeiro. Fala como se a oposição não tivesse conseguido lisamente os 112 assentos entre 167 da Assembleia Nacional Legislativa. Esbravejando, Cabello diz:
– Quem atuou mais no processo de paz na Colômbia? Que injusto de verdade! Que injusto! Se acontecer a paz, será graças a Chávez e, vou dizer, graças a Maduro. Não os citam! – diz ele.
A Venezuela e o Chile são algo como os moderadores das negociações em Havana desde novembro de 2012.