Confissão pública: sou um desses viciados em jogos online. Na verdade, em um jogo apenas. Nada de Bet, nem conheço essa moça que está levando tanta gente à perdição e a gastar o que não tem. Aliás, conheço-a de ouvir falar. Sei que o pessoal ligado ao futebol arrisca os seus trocados para adivinhar quantos cartões amarelos o Lucas Paquetá vai tomar no campeonato inglês. Fria! Gosto muito de futebol, mas me incluam fora disso.
Meu vício é um jogo de letrinhas que às vezes atende pelo nome de Termo, às vezes, por Dito. São versões em português do Wordle, um engenhoso jogo de palavras criado pelo britânico Josh Wardle em 2021 para desentediar sua namorada durante a pandemia da covid-19.
O próprio nome da brincadeira é um jogo de palavras, misturando o sobrenome de seu criador com word (“palavra”, em inglês).
Consiste em encontrar (e não apenas em adivinhar) uma palavra de cinco letras em seis tentativas. Começa-se do zero, nenhuma dica. Quando a primeira palavra é digitada nos espaços disponibilizados, o programa informa por meio de cores se alguma letra integra o termo escolhido e se está na posição certa. Letra certa no lugar errado aparece em amarelo (ou azul). Letra certa no lugar certo aparece em verde. Letras que não constam da palavra do dia ficam com o fundo cinza ou preto.
É desafiador porque exige conhecimento de vocabulário, de formação de palavras e de regras elementares da língua portuguesa. E tem alguns macetes decisivos, como, por exemplo, começar com uma palavra que tenha o maior número possível de vogais, considerando-se que qualquer termo com cinco letras terá pelo menos duas – ainda que possa ser a mesma repetida. Bah, já estou dando dica. Não é esse o objetivo desta crônica.
O principal é destacar que esse joguinho atraente tem uma especificidade que bem poderia ser transferida para as apostas esportivas, de modo a atenuar a dependência e a gastança. Só se pode jogar uma vez a cada dia. Claro, também preciso dizer que se trata de um jogo gratuito e que a única recompensa para o jogador é acertar a palavra escolhida até a sexta tentativa. Muito mais de raciocínio e conhecimento do que de sorte. Mas sem ilusões.