Até agora, nesta crise que o Inter criou pra si mesmo, há um inocente. E esse pode esfarelar a sua inocência se não tomar duas medidas que só ele pode tomar. O inocente, até aqui, se chama Alessandro Barcellos, o presidente do clube.
Barcellos entregou ao seu treinador um grupo muito longe do curto e recheado de opções. Portanto, o presidente colorado está legitimado de fazer cobranças a Coudet — e também aos seus jogadores, claro. Se o mandatário não as fizer, ele perde a inocência.
Agora há um segundo momento em que a inocência do presidente, até aqui, nesse processo, pode se esfarelar. Será um erro grave caso ele terceirize o poder do futebol do clube aos chefes de torcida organizada. Aí não é só perder a inocência, aí é o fim. A gestão se finda aos transferir para quem não tem legitimidade de poder: neste caso, os torcedores-chefes de organizadas — e nem me refiro a um grupo específico, pois pouco interessa qual torcida está planejando isso.
Até aqui, o presidente é inocente. Alessandro Barcellos fez o melhor trabalho possível. O que está acontecendo no Inter não é responsabilidade dele. Mas, reforço, se ele não tomar medidas reais, duras de cobrança, e se não mantiver o poder, ao invés de terceirizá-lo às organizadas, a inocência vai embora.