Depois do susto provocado por estudo do Banco Central (BC) que apontou gasto de R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família com apostas online e gasto com jogos irregulares 10 vezes maior do que com loterias, entrou em campo o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).
A entidade encomendou outro estudo para a LCA, uma das consultorias econômicas mais respeitadas do país. Um dos pressupostos é de que o real valor gasto com apostas por beneficiários do Bolsa Família seria de R$ 210 milhões, não R$ 3 bilhões (veja a íntegra do estudo aqui).
Mas o economista que assina o levantamento, Eric Brasil, admite: no atual estágio da atuação no Brasil, não há dados precisos para dimensionar o impacto dos jogos na economia, é possível apenas estimar.
O estudo do BC ficou devendo detalhamento aos brasileiros e aos que querem entender o impacto do fenômeno das bets, é fato. Mas o da LCA feito sob encomenda do IBRJ também se baseia em pressupostos, não em dados, caso de um dos indicadores mais polêmicos, o quanto ganham as casas de apostas.
Esse indicador é chamado de "gross gaming revenue" (receita bruta de jogos), ou só GGR. As empresas consolidadas representadas no IBJR têm média de 7%. O estudo do BC estima em 15%. Não se trata de má-fé de nenhuma parte: ainda não há dados confiáveis para formar convicção.
Em tese, a partir de janeiro de 2025, será possível ter dados precisos, já que a regulação das bets passará a funcionar a pleno e haverá fiscalização efetiva sobre a atividade. Mas é bom lembrar que as regras alcançam somente as chamadas "apostas de quotas fixas".
Existem outros tipos de jogos eletrônicos que seguirão atuando sem a cobertura legal, apesar da retirada do ar de cerca de 2 mil sites em situação irregular.