Foi por um triz que o candidato mais controverso das eleições de 2024 não teve sucesso. Faltaram 56 mil votos - em um universo de 6 milhões - para que Pablo Marçal fosse para o segundo turno em São Paulo.
Não bastassem as agressões verbais que marcaram sua campanha, o final com laudo falso contra um dos concorrentes foi consistente com o perfil que desafiou todas as regras de civilidade em geral e da Justiça Eleitoral em particular.
Agora, é preciso que esse tipo de comportamento tenha, das regras civilizatórias e eleitorais, a resposta que não veio das urnas. Especialmente em tempos marcados por discursos de ódio, essa é uma tarefa necessária para reafirmar a democracia, sob pena de proliferação de "Marçais" - que já aparece como risco nos cenários de próximas campanhas.
Não foram poucos os que terceirizaram para os eleitores o dever da Justiça Eleitoral de filtrar os candidatos que se apresentam. O argumento era de que Marçal não deveria ter candidatura barrada: os eleitores se encarregariam de dar a resposta.
Como mostrou o resultado em São Paulo, o eleitor trata todo candidato registrado como concorrente viável. Não tem tempo nem interesse em se debruçar sobre sua biografia.
Enquanto Marçal provocava, com ofensas pessoais ou acusações sem fundamento - à esquerda e à direita - seu próprio prontuário era desdobrado por meios de comunicação, sem aparente reação negativa do eleitorado.
Houve campanha ao lado de um suspeito de ligação com uma facção criminosa, morte em "maratona surpresa" organizada em 2023, uma escalada que expôs participantes a risco de vida.
Entre os requisitos para registro de candidatura, está a exigência de "certidões criminais" - obviamente, negativas - nas Justiças federal e estadual de primeiro e segundo graus. Agora, ou valem as regras, ou será mesmo só vale tudo.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo