Em nota divulgada no início da noite desta sexta-feira (2), o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, pediu demissão do cargo, válida ainda da véspera.
A deicisão foi tomada no meio de um "apagão" do governo Bolsonaro, em que faltam recursos para atividades essenciais. Em seu lugar, ficará o atual secretário especial adjunto, Julio Alexandre, que fica no cargo até o final do ano, sem um auxiliar.
Na nota, não há qualquer justificativa para a saída de Colnago, que havia sido ministro do Planejamento na gestão Temer. Mesmo quando as saídas decorrem de crises, é habitual justificá-las de alguma forma. As opções de praxe vão do "cuidar de interesses pessoais" a motivos relacionados à saúde ou vida familiar.
Depois de gastar com reforço no Auxílio Brasil, auxílios para caminhoneiros e taxistas, aumento do vale-gás, o governo Bolsonaro foi obrigado a adotar bloqueios no orçamento, como no caso dos recursos para universidades. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, restariam apenas R$ 2,4 bilhões para bancar gastos não obrigatórios de todos os ministérios até o dia 31. E há temor de que falte dinheiro até para bancar despesas obrigatórias, como as relacionadas à Previdência Social.
Colgano saiu durante a elaboração de um plano de emergência que tenta evitar consequências mais sérias. O secretário havia assumido o cargo em outro momento delicado, quando outros integrantes da equipe econômica, como o gaúcho Jefferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional, e Bruno Funchal, secretário do Tesouro e Orçamento (antes Secretaria da Fazenda), abandonaram o governo em protesto contra a PEC dos Precatórios, o primeiro furo do teto neste ano.
O secretário do Tesouro é considerado um dos melhores técnicos da atual equipe de Paulo Guedes, com boa formação e boa relação interpessoal. Costumava, inclusíve, ir de metrô ao trabalho - uma raridade em Brasília.
A íntegra da nota
O secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia (Seto/ME), Esteves Colnago, pediu exoneração do cargo, a contar desde 1º de dezembro. Ele cumprirá quarentena de seis meses. O atual secretário especial adjunto da Seto/ME, Julio Alexandre, atuará como secretário especial substituto até o fim deste ano e não terá adjunto.
Analista de carreira do Banco Central do Brasil, Colnago é mestre em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e já foi ministro do Planejamento. Ele agradece ao ministro Paulo Guedes pela oportunidade de ter feito parte da equipe do ME desde o início deste governo. Antes de outubro de 2021, quando se tornou secretário especial, Colnago atuou como chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do Ministério.
Também mestre em economia pela UnB e analista de carreira do BC, Alexandre já ocupou ao longo de sua carreira diversos cargos na área econômica, entre eles o de secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos, secretário adjunto de Políticas Macroeconômicas da Secretaria de Política Econômica (SPE) e secretário adjunto da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest). Neste governo, atuou como secretário adjunto da Secretaria Especial de Assuntos Federativos da Presidência da República antes de integrar a equipe da Seto/ME, a partir de outubro do ano passado.