Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

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Salário mínimo teria correção acima da inflação, acena Bolsonaro após plano de Guedes 

Presidente e candidato à reeleição fala em "aumento real" depois de vazamento de troca de fórmula de reajuste

Marta Sfredo

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A intensa repercussão do plano do ministro da Economia, Paulo Guedes — inclusive de versões deturpadas  —, fez o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) prometer "aumento real, mais do que a inflação" para o salário mínimo.

 — O Paulo Guedes fala muito em desindexação da economia. E daí, no bolo, o que ele quer desindexar? O percentual fica indefinido. No momento, você tem a garantia de no mínimo (...) no mínimo vai ter um aumento real, mais do que a inflação — disse na noite de quinta-feira (21) em entrevista a um podcast.

 A frase não chega a representar um compromisso que possa ser cobrado — se fosse, também nada garantiria, dada a natureza das promessas de qualquer candidato. É mais uma tentativa de consertar o estrago que o vazamento do plano provocou, em parte por reproduções  imprecisas. Ao mencionar desindexação, um tema tão caro a Guedes, ajuda a explicar por que o plano faz sentido na lógica do Ministério da Economia, que advoga ainda desvinculação e desoneração. 

A proposta de Guedes que havia sido detalhada pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo serviço Broadcast do Estadão previa substituir a correção do salário mínimo - e portanto dos benefícios da Previdência atrelados a esse piso - da inflação passada, ou seja, o INPC do ano anterior, pela futura. 

Como é difícil adivinhar quanto será a inflação futura, o plano previa, "no mínimo", correção pela meta de inflação, que sempre é definida com antecedência. No entanto, na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e nas redes sociais, predominou a versão de salários e aposentadorias não teriam mais qualquer reajuste, o que não era correto. 

O risco que a troca embute é a perda de poder de compra desses pagamentos, inclusive porque a meta de inflação não é cumprida desde 2020. Ainda assim, o IPCA de 4,52% ultrapassou o centro da meta, de 4%, ficando dentro da margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo na época. 

Na tentativa de projetar o efeito da medida, a coluna fez a seguinte estimativa: se o plano fosse aplicado no próximo ano, em vez de um reajuste por volta de 5,6% (mais recente projeção do Boletim Focus para o acumulado em 2022), o salário mínimo seria corrigido em 3,25%, centro da meta já fixado para 2023. Em valores, seria trocar um piso de R$ 1.278,87 por R$ 1.251,39 (no orçamento enviado ao Congresso, o mínimo previsto é de R$ 1.302, com projeção de alta do INPC de 7,4%, que deve ser menor devido aos cortes das alíquotas de ICMS sobre gasolina e energia). 

Ainda na tarde de quinta-feira, Guedes havia afirmado que seria "fake news" a informação de que não haveria qualquer reajuste. Confirmou o plano de desindexar o salário mínimo e aposentadorias, mas afirmou seriam "corrigidos pelo menos pela inflação". Mas não esclareceu se seria pela alta de preços passada ou futura, o ponto crucial da proposta. 


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