Várias marcas globais estão deixando a Rússia, dos cartões de crédito Visa, Master e American à Adidas, mas nesta terça-feira (8) houve uma saída muito emblemática: a do McDonald's.
A chegada da rede de fast food a Moscou, em 31 de janeiro de 199o, anteceu o fim da União Socialista das Repúblicas Soviéticas (URSS), que só chegou ao fim em 26 em dezembro de 1991.
Há 32 anos, formou-se uma fila que foi estimada em 5 mil pessoas na frente do primeiro McDonald's na ainda URSS. Era um símbolo forte do fim da "cortina de ferro", da guerra fria, do isolamento entre as repúblicas soviéticas e o resto do mundo.
Nesta terça-feira, em comunicado assinado pelo CEO do McDonald's, Chris Kempckinski, a rede informou que vai suspender as atividades de seus 850 restaurantes na Rússia, mas que seguirá pagando salários aos 62 mil funcionários no país. Em nota, Kempckinski afirma que os valores da empresa "não nos permitem ignorar o sofrimento humano que se vive na Ucrânia".
Na verdade, a rede cedeu a uma intensa pressão do governo dos EUA e de consumidores, que espalharam as campanhas #BoycottMcDonalds e #BoycottPepsi nas redes sociais. A Pepsi também decidiu sair da Rússia.
Além de ser historicamente emblemática, a decisão tem um simbolismo econômico: existe uma "teoria da paz", criada por Thomas Friedman, conhecido colunista do Financial Times, de que não haveria guerra entre dois países que têm restaurantes da rede. Na verdade, em seu livro O Lexus e a Oliveira, Friedman afirmou:
"Se um país chega a um estágio de desenvolvimento econômico em que há uma classe média grande o suficiente para manter uma rede do McDonald’s, ele vira um país McDonald’s. E as pessoas de países McDonald’s não gostam de entrar em guerra: elas preferem esperar na fila por hambúrgueres.”
Desde então, já houve guerras entre países com McDonald's, mas economistas ironizam, nesta terça-feira (8), que Friedman poderia dizer que sua tese foi restaurada.
Atualização: depois do anúncio da saída do McDonald's, a Starbucks fez o mesmo movimento. Vai suspender todas as operações na Rússia, inclusive de venda de produtos.