A crise econômica agravou a situação financeira dos gaúchos. É o que indica pesquisa do Instituto e Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS). Entre os entrevistados, 44% estão endividados.
Para 41% dos gaúchos, as consequências econômicas da pandemia afetaram suas finanças, o que representa aumento de 11% em relação ao estudo feito no ano passado. E em comparação com o mesmo período de 2020, o número de pessoas que admitiram ter dívidas subiu 22%.
Questionados sobre os motivos do endividamento, 38% dos gaúchos responderam que a perda de emprego e a redução da renda são os principais responsáveis. Ainda segundo o levantamento, a redução ou a perda total de renda atingiu pelo menos um integrante de 46% das famílias. O aumento de preços dos produtos também é apontando como causador de dívidas. Para 36% dos gaúchos, os preços têm afetado o orçamento.
Na avaliação de Romário Pazutti Mezzari, presidente do Iepro-RS, a inflação diminui o poder de compra e impacta o orçamento dos gaúchos:
— Enquanto o salário, para muitos, não aumentou, até ao contrário, encolheu, as compras ocupam maior parcela da renda, dificultando o pagamento das contas em dia.
Entre os entrevistados, 45% acumulam dívidas entre R$ 500 e R$ 2 mil, com maior concentração (19%) na faixa entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil.
Entre os vilões, o cartão de crédito lidera a lista: 35% informaram que têm pendências nesse meio de pagamento. Na sequência aparecem crediário e o carnê de lojas, com 13%, e empréstimo bancário, com 11%. O estudo entrevistou 700 pessoas maiores de 18 anos, entre 4 e 24 de novembro, de forma presencial.
Pé no freio
Diante da situação difícil, 74% dos gaúchos reduziram seus gastos em 2021. O lazer foi o segmento mais afetado: 16% passaram a ir menos a restaurantes, bares e cinemas. A cautela ainda domina o final de ano: 51% pretendem guardar o 13º salário para emergências e 25% vão usar para quitar dívidas. Para economizar, 28% vão apostar em ceia mais simples no Natal e no Ano Novo, 14% não pretendem comprar presentes para amigos e familiares e 13% não pensam em viajar.
O principal desejo para 2022 é um aumento de salário (24%). Investir e guardar dinheiro (19%) e arrumar um emprego (12%) também estão entre as ambições. Os maiores medos são perder o emprego ou ficar sem renda (37%), ter de mudar o padrão de vida (20%) e acumular muitas dívidas (19%). O grande receio, para 13%, é não poder comprar itens essenciais como alimentos e produtos de higiene.
* Colaborou Camila Silva