Enquanto o futuro da pesquisa e da produção de semicondutores em Porto Alegre é incerto, com a extinção da Ceitec, novos negócios surgem na área de desenvolvimento de chips no Estado.
Empresa com sede nos arredores de Oxford, na Inglaterra, fundada em 2001, a EnSilica está começando as operações na capital gaúcha, atraída pela qualidade da mão de obra no segmento.
No início deste mês, Júlio Leão, um dos primeiros demitidos da Ceitec, tornou-se responsável pelo centro de projetos da EnSilica no Brasil. Conforme o profissional, assim que foi desligado, em abril, passou a pensar em alternativas para quem não queria sair de Porto Alegre. Preparou uma apresentação do time e enviou a 60 empresas. Dessas, nove manifestaram interesse, entre as quais a EnSilica.
No final de maio, o projeto estava aprovado. Prevê a contratação de 12 pessoas até o final deste mês – todas já aprovadas em entrevistas individuais –, há previsão de adicionar ao menos mais três estagiários até outubro. A meta, conforme Leão, é ter 30 engenheiros atuando na EnSilica em até três anos, provavelmente antes disso. Nos primeiros três meses, os profissionais vão trabalhar remotamente, mas está prevista a abertura formal de um escritório local da EnSilica em Porto Alegre em outubro.
– Todo esse início foi tratado diretamente com o CEO da empresa, Ian Lankshare. E devemos ter outra empresa chegando a Porto Alegre no próximo mês. O problema não é só de falta de semicondutores no mercado, faltam também profissionais para projetá-los – detalha Leão diante das dúvidas sobre o motivo de tanto interesse internacional.
A EnSilica (clique aqui para ver o site da empresa), explica, é uma "fabless", jargão do segmento para definir empresas que atuam apenas na concepção, não na produção física de semicondutores. O material é projetado, validado e vendido pela empresa, mas a fabricação propriamente dita é terceirizada. Outro termo usado para definir esse tipo de atuação é "design house".
O foco da EnSilica são projetos de circuitos integrados para indústria automotiva e as áreas de saúde e consumo. E como a empresa também atua com internet das coisas e 5G, dois mercados que tendem a decolar no Brasil nos próximos anos, o interesse em estar por aqui aumenta.
– Essa vinda de empresas vai se converter em algo bem positivo para Porto Alegre e para o Estado. A mão de obra formada aqui já é respeitada, com novos negócios chegando a região pode ficar conhecida por isso – diz Leão.