A compra de um bilhão de vacinas em 2022 não foi a única decisão de impacto global do encontro de cúpula dos sete países ocidentais mais ricos do planeta, o G7, encerrado no domingo (13).
O comunicado oficial chancelou o projeto de um piso de 15% na cobrança de impostos de empresas.
Como essa proposta havia sido encaminhada na reunião prévia dos ministros de Finanças do G7, ficou aberto o caminho para um acordo de paz na "guerra fiscal mundial" que criou espaço para a evasão de impostos, especialmente no terreno sem lei das big techs.
Conforme o comunicado (leia a íntegra em inglês clicando aqui), o G7 pretende "assegurar a prosperidade futura pela defesa de um comércio mais livre e mais justo, em um reformado sistema de trocas, uma economia global mais resiliente e um sistema tributário mais justo, que reverta a guerra fiscal (no original, a expressão é race to the bottom, sem paralelo em português, mas definida por tributaristas como fenômeno que ocorre quando a competição entre comunidades resulta no progressivo desmantelamento dos padrões de regulação existentes)".
Estudo publicado no final do ano passado pela Rede de Justiça Tributária (leia original clicando aqui) estimou em US$ 437 bilhões anuais as perdas governamentais com manobras legais (elisão) e ilegais (evasão) de impostos. Quase metade desse total é composto por arranjos feitos sob medida para as gigantes de tecnologia, como Apple, Amazon, Google e Facebook, que deslocam suas sedes para países com taxação média menor, como Irlanda ou Suíca, ou Estados americanos, como Delaware.
O estudo impulsionou diversas iniciativas, entre as quais uma da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE, outro "clube dos ricos"), de cobrança de um tributo mundial, que até agora criou mais polêmica do que soluções. Embora a "guerra fiscal global" para a qual o G7 busca trégua envolva todo os tipos de negócios, até agora os exércitos com mais vitórias alcançadas eram os da big techs. Como vêm sofrendo derrotas em outras frentes, as gigantes tecnológicas estão sob cerco fechado, mas são especialistas em descobrir brechas.