O adiamento da votação da reforma tributária contrariou o governo do Estado mas pode ter evitado uma derrota na Assembleia Legislativa, ao menos na avaliação das entidades empresariais gaúchas.
Presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn enviou correspondência ao Piratini no início da noite afirmando que a entidade considera "inaceitáveis" a tributação da cesta básica, a redução do programa Simples Gaúcho e o adiamento para 2022 do fim do diferencial de alíquotas para compras interestaduais. "As alterações anunciadas por enquanto, contudo, são insuficientes para anular nosso espaço de divergência", informa.
Presidente da Federasul, Simone Leite disse ter mapeado a disposição dos deputados e concluiu que "não há como aprovar". Nessa semana de prazo para a votação, propõe um "pacto a favor do Rio Grande", que represente "uma cota de sacrifício da sociedade, e do governo também".
– Não foi para isso que o governador foi eleito. Ele se comprometeu com classe produtiva. A Federasul foi a única a apoiar publicamente mais dois anos de alíquotas majoradas, depois a reformas trariam fôlego para os cofres. A estratégia não deu certo. Agora, precisamos parar e pensar juntos, não apenas ser informados da ideia que a Fazenda tem para equilibrar as contas públicas.
A Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) informa estar "avaliando" os impactos das mudanças no setor industrial. Na semana passada, havia definido posição contrária à elevação da carga tributária. Seu presidente, Gilberto Petry, admitiu que algumas alterações "atendem parcialmente as demandas da indústria", como a criação de alíquotas intermediárias. Segundo Petry, até a votação na Assembleia, haverá possibilidade de novas negociações "em pontos que ainda não estejam equacionados".
A Federação das CDLs (FCDL) segue contrária, conforme o presidente Vitor Koch. Diz que o peso recai ao consumidor, porque o setor produtivo repassa ao preço final:
– Isso encarece o produto e diminui o poder de compra das pessoas, afetando toda a cadeia econômica.
A Federação das Empresas de Logística e Transporte do Estado do Estado (Fetransul) também mantém a rejeição. Presidente da entidade, Afrânio Kieling disse que, apesar de uma das alterações apresentas pelo governo ser benéfica ao setor (permanência da alíquota nominal do diesel em 12%) é preciso discutir mais:
– Como um todo, ainda não aprovamos. Fazer uma reforma tão grande com tanta velocidade não é saudável. Entendemos que a reforma precisa ser feita, mas com mais debates.