Paulo Cesar Teixeira, CEO da Claro, assistia a uma reportagem no Jornal Nacional sobre alunos de baixa renda que não conseguiam estudar para o Enem porque não tinham pacotes de dados para acessar conteúdos oferecidos na internet e faltava crédito no pré-pago.
— Pensei que poderíamos ajudar nisso e lancei o desafio para a equipe — relatou nesta sexta-feira à coluna, horas depois da estreia oficial do programa que entrega conteúdo e tráfego gratuito a todos que mantiverem ativo o chamado "prézão" da operadora.
Na entrevista, Teixeira detalha o plano social e relata como foi a adaptação da Claro às novas demandas da internet.
Como surgiu a ideia?
Vi os estudantes no Jornal Nacional relatando as dificuldades de se preparar para o Enem, e uma das dificuldades era a falta de crédito no pré-pago. Pensei que podíamos ajudar nisso. Procuramos a Descomplica, hoje considerada a principal plataforma de preparação de alunos de escolas públicas para o Enem. Eles já eram nossos parceiros, e tinham um app disponível na nossa rede. Propusemos que não cobrassem as 12 parcelas de R$ 19,99 neste período e nos entraríamos com os dados. Faríamos uma grande campanha e eles ganhariam visibilidade. Ele toparam e, agora, todo cliente ativo do prézão da Claro, o que se pode manter com cerca de R$ 20 a R$ 30 por mês, vai ter o conteúdo gratuito da Descomplica, sem que esse acesso consuma o crédito.
Quantas pessoas pode alcançar?
Neste ano há 6,1 milhões de estudantes inscritos no Enem, foram 6,5 milhões no ano passado. No Rio Grande do Sul, no ano passado foram 300 mil. Temos uma base de 1,5 milhões de clientes de pré-pago no Estado. Surpreendemos o mercado, por coloca uma variável agressiva em cima da mesa. Embora não tenha data definida para o exame, dar gratuidade ao estudo para o Enem, tanto ao conteúdo quanto ao tráfego, é uma ação que a Claro faz no sentido de dar benefício a pessoas mais carentes, que se justifica neste cenário de bastante dificuldade, especialmente nesse segmento.
A empresa foi desafiada a atender ao aumento de consumo de internet, enfrentou falhas no serviço?
A rede não é infalível. Temos sistemas de proteção, rotas alternativas, mas sempre há questões fortuitas, como acidentes, vandalismo, várias possibilidades de ocorrências de alto impacto. O que ocorreu em março foi um movimento rápido das pessoas para trabalhar em casa, os filhos passaram a estudar por computador. Foi muito rápido, a partir da segunda quinzena de março. Houve uma mudança na geografia, especialmente na banda larga fixa.
Na móvel, na primeira semana de isolamento subiu muito o tráfego de voz. Mas na fixa, houve um aumento de consumo em zonas residenciais que era um demanda nova. Tivemos de trabalhar para ampliar a capacidade, tornar a rede mais robusta. Houve turbulências iniciais porque não conseguimos fazer tudo ao mesmo tempo. Hoje a situação está estável. Temos reunião diária o comitê de crise e esse tipo de demanda está bem atendida. Tivemos de fazer investimentos de emergência em obras para quebrar nós, como dizemos, porque o tráfego chegou a crescer entre 40% e 50%.