Um dado divulgado pela Companhia Energética de Brasília (CEB) chamou atenção para a possibilidade de o consumo de energia ter aumentado diante do cancelamento do horário de verão 2019/2020. Segundo a companhia, houve aumento de 7% no consumo no horário de pico, entre 19h e 21h, no Distrito Federal em novembro, comparado ao mesmo mês do ano anterior, quando houve horário de verão. A coluna foi checar se esse comportamento é específico ou disseminado e deparou com um pequeno apagão de dados sobre o período.
Na Região Sul, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aponta aumento de carga de 3% no mês passado em relação a igual período de 2018. O indicador não é exatamente o mesmo: o da CEB é chamado, tecnicamente, de "demanda instantânea", que ocorre em um determinado momento. Carga é o total oferecido no sistema conforme a necessidade. Mas ambos refletem aumento no uso de eletricidade. O do Sul está bem abaixo do Distrito Federal, mas ainda acima do padrão para a época do ano. É importante observar que a aparente retomada na atividade econômica tem peso nesse aumento, mas o ritmo da produção é bem inferior ao do crescimento nesse indicador.
Para tentar checar se o dado é isolado ou mostra consistência com outros indicadores, a coluna foi buscar mais informações. A CEEE, que além de distribuir energia em parte do Estado é responsável pela transmissão em todo o Rio Grande do Sul, alegou que como é empresa pública com ações em bolsa, não pode informar dados de forma individualizada. Até há pouco tempo, era praxe na companhia a divulgação de informações sobre demanda instantânea.
No Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão que controla dados cruciais para a operação elétrica, só há dados de carga, não de consumo. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que faz o acompanhamento do consumo, não atualizou os dados de novembro até agora. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que também levanta essas informações, também não permite acesso a informações atualizadas.
Há certo consenso entre os especialistas que o horário de verão não rendia mais tanta economia de energia quanto no início da medida, dada a mudança de hábitos e até a recessão que encolheu drasticamente o consumo nas indústrias. No entanto, a retomada da economia, caso se consolide, é um fator de pressão que não pode ser ignorado, especialmente diante do baixo investimento em geração nos últimos anos. E ter dados para avaliar o impacto do cancelamento neste ano é essencial para tomar decisões futuras sobre mudar o fuso da estação.